quarta-feira, 27 de abril de 2016

Cessacionismo - por Lee Irons



Embora os excessos “carismáticos” de hoje em dia extrapolam-se para além da tradicional prática de falar em línguas e descambam-se para os verdadeiros espetáculos que raiam ao bizarro (haja vista as manifestações extáticas associadas à Bênção de Toronto), as línguas ainda podem ser consideradas assunto em pauta, ante a necessidade de esclarecimento acerca da matéria. Não nos estendemos pelos muitos outros pontos teológicos envolvidos, como a teologia da segunda bênção, o papel da experiência subjetiva na vida cristã, e assim por diante. O que se segue é meramente uma compilação dos melhores argumentos cessacionistas que demonstram que as línguas e a profecia cessaram com o fim da era apostólica. De modo algum estes argumentos são originais. Para tanto, baseamo-nos muito no trabalho de Richard Gaffin em Perspectives on Pentecost (1979), o qual consideramos o melhor livro sobre o assunto. De fato, muito do que se segue não passa de simples esboço dos argumentos de Gaffin, citados por nós de forma completamente livre. Outras fontes são citadas também a título de corroboração e exposição.

ENUNCIADO DA TESE CESSACIONISTA

"Cessacionismo": assim entendida a tese que alguns dons (e seus correspondentes ministérios) descritos no Novo Testamento são ordinários e perpétuos, enquanto outros eram extraordinários e foram paulatinamente desaparecendo da vida da igreja a partir do fim da era apostólica.

DONS ORDINÁRIOS/MINISTÉRIOS (para justificação dessa tríplice classificação, veja Brown)

1. Pastores e mestres - Rm 12:7; Ef 4:11; I Tm 3:1-7 2. Presbíteros (dom de dirigir e governo) - I Co 12:28; Rm 12:8; I Tm 5:17 3. Diáconos (dom de serviço, distribuição, misericórdia) - Rm 12:7-8; I Tm 3:8-13

DONS EXTRAORDINÁRIOS/MINISTÉRIOS (I Co 12:28-30; Ef 4:11)

1. Apóstolos 2. Profetas (palavra de sabedoria; de conhecimento - I Co 12:8) 3. Evangelistas 4. Discernimento de espíritos (I Co 12:10) 5. Línguas 6. Interpretação de línguas 7. Operadores de milagres; curas ("fé" inclusive(?) I Co 12:9)

NOTA SOBRE A RELAÇÃO ENTRE DOM E MINISTÉRIO

Não podemos detalhar aqui, mas nos parece razoável presumir que há um relacionamento íntimo entre dom e ministério. No caso dos dons extraordinários, é desnecessário presumir que um apóstolo tivesse de impor as mãos sobre cada pessoa para recebesse um determinado dom extraordinário (apesar de que isso ocorreu em alguns exemplos - At 8:17; 19:6; II Tm 1:6). Em vez disso, a outorga de carismas ocorria por ocasião da ordenação.

No que diz respeito aos dons ordinários, emerge o seguinte quadro. Nas Epístolas Pastorais (que nos dão uma ideia da ordem a ser perpetuada na igreja após a era apostólica), vemos as qualificações (I Tm 3:1-13), o teste probatório (I Tm 3:10), e a ordenação (I Tm 5:22; Tt 1:5) como elementos fixos a ser considerados no estabelecimento de oficiais ou lideres na igreja, os quais eram dotados de dons de ensinar (pastor), reger (presbítero) ou exercer misericórdia (diácono).

Além dos ministérios especiais, há também o ministério geral de todos os crentes (Ef 4:11-13). Uma vez que todo o Corpo de Cristo é dotado espiritualmente, cada um pode (e deve) exercitar o seu, ou os seus, dons, "para a obra do ministério" e da edificação do corpo, sem ter que necessariamente ser ordenado a um ministério/oficio especial (Rm 12:4-8; Ef 4:16; I Pe 4:10-11).

AFIRMAÇÕES POSITIVAS

A questão não é se o cessacionista aceita (ou rejeita) a realidade da obra do Espírito Santo na vida dos crentes.

A posição cessacionista afirma que todos os crentes possuem “o dom” do Espírito Santo (Jo 7:37-39; At 2:38; I Co 12:13). Todos os que são batizados em Cristo são batizados com o Espírito Santo.

Além disso, afirma-se que a igreja pós-apostólica continua sendo abençoada ricamente com várias distribuições do Espírito Santo, ("dons") para a edificação do corpo de Cristo através de diversas formas de ministério (I Co 12; Ef 4:11-16). Todo o crente possui tanto “o dom” como “dons”. Nem todos crentes têm todos os dons, uma vez que estes são distribuídos por Deus conforme lhe apraz (I Co 12).

Sobretudo, a posição cessacionista não nega o subjetivo, o aspecto experiencial da vida cristã, que pode ser considerado como um elemento intrínseco do ministério do Espírito Santo. Tão profunda e misteriosa é a obra do Espírito na vida dos crentes que chega a ser por vezes indescritível (Rm 11:33; II Co 9:15; 12:4; I Pe 1:8), ministrando-nos num nível de nosso ser que suplanta o nosso intelecto. O Espírito ministra a nós …

• a ajuda na oração (Rm 8:26-27; Ef 6:18; Jd 20)
• o derramamento do amor de Deus em nossos corações. (Rm 5:5)
• a impressão em nós de um antegozo da glória celeste. (II Co 1:21b; Ef 1:13ss.)
• a nossa santificação (I Co 6:11; I Pe 1:2)
• o enchimento de nossos corações com o amor, alegria, paz, esperança etc. (Rm 15:13; Gl 5:22ss.)
• o nosso despertamento com poder para a mortificação da carne (Rm 8:13)
• a testificação em nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8:15b)

Certamente essa lista é incompleta, e sem dúvida muitos aspectos do ministério do Espírito Santo, acima descritos, são sobrepostos ou se tornam indistinguíveis na experiência atual.

Os cessacionistas afirmam também que, embora todo o verdadeiro filho de Deus tem o Espírito como um dom permanente (Rm 8:9), a experiência subjetiva do crente é variável. Portanto, é possível entristecer e apagar o Espírito Santo (Ef 4:30; I Ts 5:19), e, por isso, somos ordenados a nos enchermos e andarmos no Espírito (Ef 5:18; Gl 5:25).


PRESSUPOSTO BÁSICO


"As línguas no NT sempre estavam intimamente associadas à profecia e, quando interpretadas, eram funcionalmente equivalentes à profecia, como revelação de Deus para edificar os outros. De fato, as línguas eram uma forma de profecia" (Gaffin, p. 102)

“Talvez pudéssemos até falar um certo tipo de línguas essencialmente proféticas, a diferença é que, ao contrário da profecia, essas línguas requerem interpretação para serem entendidas pelos outros” (Gaffin, p. 80)


PRESSUPOSTO PROVADO


1.  "Um deliberado contraste entre profecia e línguas estrutura todo o capitulo. Este par de dons percorre segue uma linha mestra em quase todo o contexto... O que estrutura I Coríntios 14 é a junção da profecia com as línguas, o que leva a concluir que de fato ambos, justapostos, são dons da palavra revelatória." (Gaffin, pp. 56, 81). "O que liga profecia às línguas, o que ambas têm em comum é o que as fazem comparáveis (contrastáveis) e explicam suas equivalências funcionais, sendo isso o que determina que elas são o dom da palavra." (Gaffin, p. 58)

2. A possibilidade de interpretação das línguas indica (I Co 12:10,30;14:5,13,26-28) que é uma comunicação inteligível de Deus. Conseqüentemente, deve ser uma revelação divina. (Este ponto é válido ainda que as línguas em Corinto fossem línguas atualmente existentes.)

3. “Conforme I Co 14:5 ("o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete"), as línguas interpretadas são funcionalmente equivalentes à profecia. (Robertson, p. 27) "A inferioridade fundamental ou a depreciação das línguas em relação à profecia aparentemente aplica-se somente às línguas não interpretadas e é removida quando ocorre interpretação." (Gaffin, p. 57)

4. “O caráter revelacional e inspiratório das línguas é também visto no fato de que pelo Espírito 'quem fala em línguas… fala mistério' (I Co 14:2)." Compare-se com I Cor. 13:2. (Gaffin, p. 79) "Este termo 'mysterion', no NT, tem um verdadeiro significado específico que inerentemente evoca a idéia de comunicação da revelação divina." (Robertson, p. 23)

5. "Em Atos, encontramos indicações de uma associação definida entre profecia e línguas." Atos 2:4 (cf. vv. 17-18, citando Joel 2:28 em diante); 19:6 ("eles falaram em línguas e profetizaram"). (Gaffin, pp. 81-82)

6. Exegese cuidadosa de I Co 14:14 (veja 2. abaixo) conduz a seguinte tradução: "Porque se eu oro em línguas, o Espírito em mim [ou, o espírito que me foi dado] ora, mas o meu intelecto fica inativo." (NEB). Desse modo, alguém que fala em línguas fala palavras inspiradas pelo Espírito Santo, o que é a definição de profecia. Cf. v. 2. (Gaffin, pp. 73-78)


PRESSUPOSTO DEFENDIDO


O fato das Escrituras mencionarem outros usos secundários das línguas não prejudica o seu caráter intrínseco fundamentalmente profético e revelacional. Os três argumentos seguintes têm sido utilizados para relevar os usos secundários do dom de línguas e dessa maneira minimizar ou eliminar o seu elemento profético/revelacional.

1. “HÁ UMA UTILIZAÇÃO DIVINA DAS LÍNGUAS”

"Em I Coríntios 14 Paulo diz que 'alguém que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus' (v. 2) e as línguas redundam em 'oração,' 'cânticos,' e 'ações de graças' a Deus (vv. 14-17). Um argumento por vezes contrário a natureza revelacional das línguas em Corinto e que é mais uma direção divina das línguas e menos, ou nada a ver, com uma direção à revelação."

Resposta:

“Em contraposição… quando nos debruçamos sobre os Salmos e outras porções doxológicas da Escritura. Caso recitemos algum salmo que é dirigido a Deus e não aos homens, por essa razão então não seria revelação? Em sentido contrário, sob a direção divina é revelação inspirada e registrada na Escritura para que pudesse servir para edificação do seu povo da aliança, e é isso o que as línguas (interpretadas) também são e para isso que elas também serviriam (v. 5)." (Gaffin, p. 80) 

2. LÍNGUAS NÃO REVELACIONAIS

I Coríntios 14:14 diz: "Porque se eu orar em língua, o meu espírito ora, sim, mas o meu entendimento fica infrutífero." Alega-se que este texto ensina que há uma função não-revelacional para as línguas, ou seja, é uma expressão das profundezas do espírito do crente, sub-racional e não-conceitual.

Resposta:

Esta visão precisa tomar a expressão "meu espírito" como uma referência ao espírito humano, e deve empregá-la em contraste com a "minha mente". Mas isso é exegeticamente indefensável pelas seguintes razões: 

• A antropologia do NT nunca coloca o "espírito" e a "mente" humanas uma contra a outra assim desse jeito. O único dualismo que a escritura aceita é entre o corpo e o espírito/mente/coração/alma, ou entre "o homem exterior" e "o homem interior." O fato de Paulo poder falar em "renovar no espírito da vossa mente" (Efé. 4:23), mostra que "espírito" e "mente" pertence ao mesmo domínio semântico. Cf. também Marcos 12:30. (Gaffin, pp. 74f) 

• A palavra "espírito" em I Coríntios 14:14 não deveria ser interpretada antropologicamente (como um componente da psicologia humana) mas carismaticamente (como uma referencia ao dom dado a cada profeta pelo Espírito Santo). Este é um uso estabelecido: "o que fala em língua... (pelo) em (seu) espírito fala mistérios" (v. 2); "já que estais desejosos de dons espirituais," (lit. "espíritos," v. 12); "os espíritos dos profetas são sujeito aos profetas" (v. 32); "a outros, o dom de discernir os espíritos" (I Co 12:10); "não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." (I Jo 4:1); "o Deus dos espíritos dos profetas" (Apocalipse 22:6). 

3. USO PRIVADO DAS LÍNGUAS

I Coríntios 14:4 nos diz que "quem fala em línguas edifica-se a si mesmo." Usualmente, este verso está mencionado em conexão com uma interpretação antropológica de "espírito" nos vv. 2 e 14 (que examinamos acima e deixa muito a desejar). O argumento é que, embora as línguas precisem ser traduzidas, se exercitadas em publico, elas ainda são espiritualmente benéficas ao individuo que as usa privadamente ("Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus." v. 28).

Resposta A:

“Qualquer uso privado das línguas, separadas, acrescidas, ou independentes do seu exercício publico, ligado à interpretação, certo modo, descaracteriza o dom. É como se dissesse que há um dom de línguas para o uso privado, e outro para o uso público (com interpretação). No entanto, particularmente, qualquer utilização privada das línguas evoca um aspecto estritamente subsidiário, periférico do dom. As línguas privadas são vistas como adjuntos benéficos, subsidiários, desfrutados pelo recipiente do dom (a ser interpretado) que tem função revelacional distintiva. Note-se que estão debaixo das reiteradas ordens de Paulo justamente os que oravam e louvavam em línguas (v. 14b), no sentido de que houvesse interpretação (v. 13; cf. v. 5), os quais freqüentemente entendiam como central o exercício privado do dom. Da visão que sustenta que as línguas foram primeiramente dadas para a vida de oração pessoal do crente, e não para exercitá-las publicamente na congregação, distanciadas da interpretação, pode-se dizer apenas que isso inverte complemente o ponto de vista focalizado por Paulo em I Coríntios 14". (Gaffin, p. 83)

Resposta B:

É precisamente este aspecto não-intelectual, sub-racional do falar inspirado, extático que fazia tão atrativo o dom de línguas aos cristãos imaturos do Corinto. E é justamente este aspecto que Paulo quer controlar, limitar, e minimizar. É verdade que não proíbe que se falem em línguas (de fato, ele proíbe que seja proibido - 14:39). Mas ele reprova os coríntios por suas prioridades imaturas (14:20), visto que eles exaltavam a expressão extática acima do o falar inteligível, edificante (profecia, interpretação de línguas). Paulo permite o dom extático, obviamente, porque ele era um dom genuíno do Espírito para aquele tempo, mas ele solicita que este dom seja exercido em determinada forma, precisamente por causa dos abusos que poderiam surgir devido seu elemento necessariamente não-racional, extático. Ele o limita de três maneiras:

• Como a profecia, as línguas estão sujeitas à avaliação e ao discernimento dos seus conteúdos pelos companheiros-profetas existentes na igreja reunida (I Co 12:10; 14:29). Todas supostamente inspiradas, as expressões extáticas precisam ser julgadas para ver se elas estão "de acordo com a analogia da fé" (Rm 12:6 – para exegese veja Gillespie, cap. 1). "não desprezeis as profecias; mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom" (I Ts 5:20ss/comp. I Jo 4:1-3).

De acordo com Gillespie, os pneumáticos de Corinto aparentemente criam que as expressões ininteligíveis, extáticas (glossolalia) eram o principal sinal verificador do falar inelegível autêntico (profecia). "Os que eram infantes espiritualmente a viam [línguas] com o sine qua non da obra do Espírito, sem dúvida, como um 'sinal' confirmatório da expressão profética." (Gillespie, p. 160)

Mas, em I Co 12:1-3 Paulo contesta essa avaliação simplista e imatura da importância das línguas. Parafraseando: "Vocês sabem que as evidencias de êxtase não são critérios confiáveis para apurar a autenticidade da inspiração divina por que no passado pagão de voes elas os dirigiam aos ídolos mudos (v. 2). Então, a legitimidade das expressões proféticas precisa ser julgada puramente com base no seu conteúdo material (v. 3)." (Gillespie, p. 83)

• A segunda limitação é intimamente relacionada à primeira, mas aduz-se outra dimensão: o falar extático não é evidência suficiente de que alguém está sob inspiração do Espírito.

De acordo com a exigência de que as línguas estejam em consonância com o evangelho ortodoxo, Paulo insiste que elas precisam ser traduzidas de modo a que seu conteúdo ortodoxo possa edificar o corpo. É claro que a edificação inteligível, racional, doutrinária é a única justificativa para o exercício das línguas na assembléia. Se elas não servem para este propósito, elas meramente enchem de orgulho o possuidor do dom, o que está em oposição ao amor (I Co 13).

• Por fim, argumentar que a utilização privada, auto-edificadora, não-revelacional das línguas deveria continuar hoje implica em prejudicar a força do argumento de Paulo em I Co 14. Porque é precisamente este elemento extático, não-racional, que Paulo insiste que deve ser colocado totalmente em subserviência à função revelacional, pública, verificável e corporativa do dom. De acordo com Paulo, qualquer beneficio do falar não revelacional e extático deve ser considerado como secundário, efeito colateral subordinado ao propósito e função próprios do dom, e então não é algo para ser procurado à parte deste propósito e função precípuas.

"A noção de línguas não-revelacionais, como as incontidas vocalizações, se pré-conceituais, provenientes do lado inconsciente da personalidade … não é ensinada em I Coríntios 12-14, ou em qualquer outro lugar do NT." (Gaffin, p. 81)

TRÊS ARGUMENTOS CESSACIONISTAS

A. O ARGUMENTO DO ENCERRAMENTO DO CÂNON (MENOS PERSUASIVO)

1. O apostolado foi um evento redentivo-histórico irrepetível do mesmo modo que a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, por que "o anúncio da redenção não pode ser separado da própria história da redenção." (Ridderbos, pp. 12-15).

2. O apostolado foi encerrado depois da chamada de Paulo, uma vez que ele estabelece que Cristo apareceu-lhe "o último de todos" (I Co 15:8 – veja o detalhamento da exegese em Jones). A Doutrina Católica Romana da sucessão apostólica não tem fundamentação exegética (Cullmann, pp. 207, 236).

3. A presença do apostolado era uma condição necessária para a produção das Escrituras inspiradas do Novo Testamento. "A base redentivo-histórica do cânon do Novo Testamento somente poderia ser procurada na autoridade apostólica e tradição." (Ridderbos, p. 24)

4. Conseqüentemente, como o apostolado, a escritura do Novo Testamento é um evento redentivo-histórico irrepetível, único, e completo. "Quando entendido em termos de história da redenção, o cânon não pode ser aberto; por principio ele precisa ser fechado. Conseqüência direta da natureza única e exclusiva do poder dos apóstolos recebido de Cristo… A natureza fechada do cânon do Novo Testamento permanece no final das contas de significância definitiva, de uma vez por todas, na própria história da redenção apresentada pelas testemunhas apostólicas." (Ridderbos, p. 25)

5. A partida definitiva do apostolado necessariamente implica no encerramento do cânon do Novo Testamento.

6. Para que a profecia (incluindo línguas- veja "pressuposição básica" acima) pudesse continuar nas gerações subsequentes pós-apostólicas da igreja, para além do período fundacional, teria que necessariamente criar tensões com o caráter fechado, finalizado, do cânon. De fato, do mesmo modo, a continuação poderia acabar com o cânon em seu sentido estrito. (Gaffin, p. 100).

7. Conseqüentemente, os dons proféticos (profecia, línguas etc.) tinham que passar da vida da igreja com o encerramento do cânon do NT.

B. O ARGUMENTO DE EFÉSIOS 2:20

1. Tecnicamente, este argumento não deve ser separado do precedente. São fundamentalmente criveis algumas considerações teológicas (a natureza única e temporária do apostolado). De qualquer forma, é mais pedagogicamente útil apresentar este argumento separadamente, uma vez está baseado mais num texto-prova explicito do que numa dedução apenas.

2. “Texto decisivo, de importância crucial, é Efésios 2:20 (no seu contexto) e precisa ser apreciado…. I Coríntios 14 … tem um escopo relativamente estreito e está confinado à situação especifica de Corinto. O texto de Efésios, por outro lado, pode ser visto como uma carta circular, pela qual originalmente Paulo tinha em mente um leque de destinatários mais amplo do que a congregação de Éfeso. O mais importante ainda é que 2:20 é parte duma seção que analisa a igreja como um todo de forma mais abrangente e compreensiva. Efésios 2:20 padroniza, vê o edifício inteiro, e situa nesse contexto a profecia (uma parte das fundações do edifício); I Coríntios e outras passagens sobre profecia examina antes de tudo uma parte desse todo. Efésios 2:20, então, com seu escopo amplo tem que ter um papel essencial e dominante na busca do entendimento de outras menções de profecias no NT que têm foco mais estreito, mais particular e mais detalhado…." (Gaffin, p. 96)

3. "Efésios 2:20 associa 'profetas' com os apóstolos em atividade de testemunhas fundamentais ou de ministros da palavra." (Gaffin, p. 93)

4. Esses "profetas" não são os profetas do Antigo Testamento, mas estes são encontrados em todo o NT (At 13:1 em diante; 21:10ss.; I Co 12:28; 14:1-40; Ef 4:11; Ap 1:1-3). O fato de que os profetas do AT não são iguais aos do NT é demonstrado em Ef. 3:5 que usa a mesma frase "apóstolos e profetas" em contraste com a revelação no AT.

5. Um estudioso não-cessationista admite que a exegese de Gaffin de Efésios 2:20 está correta e pode favorecer a posição cessacionista. No entanto, ele tenta esquivar-se de focalizar este argumento através da interpretação de que havia "os apóstolos que eram também profetas" (Grudem, pp. 45-64). Mas essa exegese não passa pelo crivo de qualquer análise gramatical séria (Wallace), e os demais argumentos de Grudem tem sido respondidos ponto por ponto (White).

6. "Línguas estão ligadas à profecia e se mantém, por assim dizer, nas sombras. Há pelos menos uma sugestão no capítulo [I Co 14] de que as línguas não têm lugar na vida da congregação à parte de sua coexistência, e exercício conjugado, com a profecia." (Gaffin, p. 58)

7. Mesmo que o dom de línguas per se não aparece em Ef 2:20, a evidência aduzida no "pressuposto básico" (acima) nos força a concluir que na medida em que as línguas são interpretadas elas são funcionalmente equivalentes à expressão profética, e assim pôde participar na aludida fundação da Igreja.

8. Inerente à analogia da fundação é a ideia de que uma vez que o fundamento foi lançado , todo o trabalho que resta é edificar sob o fundamento(I Co 3:10-15). Quando Paulo identifica os apóstolos e os novos profetas da aliança com a fundação da igreja, afirma desse modo seu papel original, não-perpétuo.

9. Conseqüentemente, o dom de línguas era para a fundação da igreja, e conseqüentemente nada mais natural que tenham "desaparecido da vida da igreja juntamente com a profecia e os demais dons fundacionais, ligados à presença do apostolado na igreja." (Gaffin, p. 102).

C. O ARGUMENTO DAS LÍNGUAS COMO UM SINAL

1. Paulo declara que as línguas como línguas (isto é, à parte do conteúdo revelacional, quando interpretadas) foram dadas como um sinal de juízo de Deus contra os descrentes (I Co 14:20-22).

2. De maneira análoga às parábolas de Jesus (Marcos 4:12), as línguas foram dadas primariamente (mas não exclusivamente) para endurecer Israel na incredulidade. Essa função "está ligada inseparavelmente à transição definitiva da velha para a nova e final história da aliança, uma transição que resulta na fundação da igreja." (Gaffin, p. 107)

3. A citação por Paulo de Isaías 28:11-12, característico da utilização do AT no NT, evoca intencionalmente o contexto mais amplo de Isaías 28, particularmente, o v. 16 ("Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento"). "No NT este versículo é proeminente nas passagens relativas à edificação da Igreja; é mencionado em I Pedro 2:6 (cf. v. 4) e evidentemente se baseia no que se encontra em Efésios 2:20 (cf. I Co 3:11). Cristo como o fundamento da Igreja é o cumprimento desta profecia. Mas é também citado em Romanos 9:33 (cf. 10:11), onde é aplicado contra o Israel infiel a Cristo e ao Evangelho (cf. 9:31ss.). O julgamento sobre Judá foi predito por Isaías, inclusive por meio da manifestação das línguas estranhas enviadas por Deus, o que foi cumprido mediante o lançamento do alicerce da Igreja em Cristo e nos apóstolos (e profetas). O tempo de Deus (de uma vez por todas) lançar um firme fundamento em Sião é também o tempo de conclusão do julgamento dos infiéis em Sião provocado por essa atividade." (Gaffin, p. 108)

4. "Dentro deste amplo contexto de profecia e cumprimento, pois, o ponto que Paulo salienta em I Coríntios 14:21ss. é que as línguas são sinal de juízo de Deus ocorrido durante a inauguração da nova aliança e a fundação da Igreja. Línguas são o sinal de julgamento correlato ao ocorrido em outras oportunidades (lançar fundamentos), relativo às ações divinas (primariamente no contexto judaico) contra os infiéis e o julgamento escatológico que o acompanha."

5. Apesar de não podermos restringir as línguas como um sinal exclusivamente aos judeus infiéis (uma vez que I Co 14:22 o aplica a todos os descrentes), continua sendo verdade isso especificamente em relação aos judeus infiéis, o que conduz à ab-rogação da antiga ordem da aliança e o lançamento das bases para uma nova aliança. Além disso, vemos em At 18:1-17 que a oposição judaica à missão gentílica era muito forte em Corinto.

6. "Não pode ser negligenciado que, seja qual for significância das línguas como um sinal, Paulo ensina claramente que essa função de sinal é uma característica integral das línguas, presente sempre quando o dom é exercitado." (Gaffin, p. 109)

7. Então, visto que as línguas são um sinal pertencente ao período de transição na história da redenção, quando o antigo Israel estava sendo rejeitado e o novo Israel estava sendo instaurado, hoje elas não são mais necessárias.

NOTA SOBRE I COR 13:8 EM DIANTE (ARGUMENTO [A] PELA CESSAÇÃO) 

1. Alguns cessacionistas, em busca de um argumento conclusivo e definitivo contra o contemporanismo de línguas e profecia, têm tentado identificar “o perfeito” com o encerramento do cânon do NT. De qualquer forma, os melhores exegetas cessacionistas admitem que esta interpretação não pode ser exegeticamente sustentada.

2. A chegada do "perfeito" (v. 10) pode coincidir com a vinda de Cristo, porque é somente ai que conheceremos como somos conhecidos (v. 12).

3. Se isso for admitido, estamos forçados a opor a conclusão de que as línguas e a profecia continuariam até a Parousia?

4. Não necessariamente. "Paulo bem que poderia ter também mencionado a escrituração como uma forma de revelação", a qual é, assim como a profecia e as línguas, um modo "parcial" de conhecer a Deus, que será substituído pelo "perfeito" na Parousia. "Mas cessou a escrituração. E se concordamos com isso, então é despropositado insistir que essa passagem ensina que os modos de revelação mencionados, profecia e línguas, continuariam em funcionamento na Igreja até a volta de Cristo." (Gaffin, p. 111)

5. "O momento da cessação da profecia e línguas é uma questão aberta até agora, ainda que essa passagem referia a isso. Deveria ser decidida a questão com base em outras passagens e considerações." (Gaffin, p. 111)


FONTES CITADAS


BROWN, Mark R., ed. Order in the Offices: Essays Defining the Roles of Church Officers. Duncansville, PA: Classic Presbyterian Government Resources, 1993.
CULLMANN, Oscar. Peter: Disciple, Apostle, Martyr. Philadelphia: Westminster, 1953.
GAFFIN, Jr., Richard B. Perspectives on Pentecost: New Testament Teaching on the Gifts of the Holy Spirit. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1979.
GILLESPIE, Thomas W. The First Theologians: A Study in Early Christian Prophecy. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1994.
GRUDEM, W. A. The Gift of Profecy in the New Testament and Today. Westchester, IL: Crossway, 1988.
JONES, Peter R. "I Corinthians 15:8: Paul the Last Apostle." Tyndale Bulletin 36 (1985) 3-34.
RIDDERBOS, Herman N. Redemptive History and the New Testament Scriptures. Second Revised Edition. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1988 (originalmente publicado em 1963).
ROBERTSON, O. Palmer. The Final Word: A Biblical Response to the Case for Tongues and Profecy Today. Carlisle, PA: The Banner of Truth Trust, 1993.
WALLACE, D. B. "The Semantic Range of the Article-Noun-KAI-Noun Plural Construction in the New Testament." Grace Theological Journal 4 (1983) 59-84.
WHITE, Fowler R. "Gaffin and Grudem on Ef 2:20: In Defense of Gaffin's Cessationists Exegesis." Westminster Theological Journal 54 (1992) 303-20.


Fonte: Monergismo.com

terça-feira, 12 de abril de 2016

João Calvino (1509-1564): Comentário sobre João 3:13-14;16-18


13. “Ninguém subiu ao céu”. Ele novamente exorta Nicodemos a não confiar em si mesmo e em sua própria sagacidade, porque nenhum homem mortal pode, somente por seus próprios poderes, entrar no Céu, mas só quem vai lá sob a direção do Filho de Deus.

Porque “ascender ao Céu” significa aqui “ter um puro conhecimento dos mistérios de Deus, e a luz da compreensão espiritual." Porque Cristo dá aqui a mesma instrução que é dada por Paulo, quando ele declara que o homem natural não entende as coisas que são de Deus (1 Coríntios 02:16;) e, portanto, exclui todas as coisas divinas da perspicácia da compreensão humana, pois ela está muito abaixo de Deus.

Mas temos de atentar às palavras, que apenas Cristo, que é celestial, ascendeu aos Céu e que a entrada está fechada para todos os outros. Pois, na primeira cláusula, Ele nos humilha, quando exclui todo o mundo do Céu. Paulo ordena que aqueles que desejam ser sábios com Deus sejam tolos para eles mesmos (1 Coríntios 3:18)

Não há nada que possamos fazer com mais relutância. Para esse propósito, nós devemos lembrar que todos os nossos sentidos falham e se extraviam quando nos aproximamos de Deus; mas, depois de ter fechado o Céu para nós, Cristo rapidamente propõe um remédio, quando Ele adiciona, que o que foi negado a todos os outros é concedido ao Filho de Deus. 

E esta é também a razão pela qual Ele chama a si mesmo de o Filho do homem, para que nós não pudéssemos duvidar de que temos uma entrada para o Céu em comum com aquele que se vestiu com a nossa carne, para que possa nos fazer participantes de todas as bênçãos. Sendo que, portanto, somente Ele é o Conselheiro do Pai (Isaías 9:6), admite-nos dentro daqueles segredos que de outra forma teriam permanecido encobertos.

“Que está nos céus”. Pode-se pensar que é absurdo dizer que Ele está no céu, enquanto Ele ainda habita na terra. Se em resposta for dito que isso é verdade no que diz respeito à sua natureza divina, o modo de expressão significa algo a mais, ou seja, que enquanto Ele era homem, Ele estava no Céu. Pode-se dizer que nenhuma menção é feita aqui sobre qualquer lugar, mas que Cristo somente é distinto dos outros no que diz respeito à sua condição, porque Ele é o herdeiro do reino de Deus, do qual toda a raça humana foi banida. 

Mas, como acontece com muita freqüência, por conta da unidade da pessoa de Cristo, aquilo que pertence propriamente a uma natureza é aplicada a outra, nós não devemos buscar outra solução. Cristo, portanto, que está no Céu, se vestiu com a nossa carne, que, por esticar a mão fraterna para nós, possa nos elevar ao Céu junto com Ele.

14. “E como Moisés levantou a serpente”. Cristo explica mais claramente porque disse que somente para Ele o céu está aberto, ou seja, que Ele leva ao Céu todos os que estão apenas dispostos a segui-lo como seu guia; pois Ele atesta que será abertamente e publicamente manifestado a todos, para que possam propagar o Seu poder sobre homens de todas as classes. 

Porque ser levantado significa ser colocado em uma situação alta e elevada, de forma a ser exposto à vista de todos. Isso foi feito pela pregação do Evangelho; visto que a explicação que alguns dão, como referindo-se a cruz, não concorda com o contexto, nem é aplicável ao assunto tratado.

O simples sentido das palavras, portanto, é que, pela pregação do Evangelho, Cristo era para ser exaltado, como um estandarte para o qual os olhos de todos seriam dirigidos, como Isaías havia predito (Isaías 2:2. ). Como um tipo dessa exaltação, Ele faz referência a serpente de bronze, que foi erguida por Moisés, cuja visão era um remédio salutar para aqueles que tinham sido feridos pela mordida mortal das serpentes. A história do ocorrido é bem conhecida, e está detalhada em Números 21:9. 

Cristo a introduz nesta passagem, a fim de mostrar que Ele deve ser colocado diante dos olhos de todos, através da doutrina do Evangelho, para que todo aquele que olhar para Ele pela fé possa obter a salvação. Por isso, deve-se inferir que Cristo é claramente exibido a nós no Evangelho, a fim de que nenhum homem possa se queixar de obscuridade; e que esta manifestação é comum a todos, e que a fé tem o seu próprio olhar, pelo qual o percebe como presente, como Paulo nos diz que um vívido retrato de Cristo com Sua cruz é exibida, quando Ele é fielmente pregado (Gálatas 3:01).

A metáfora não é inadequada ou rebuscada. Assim como [a serpente de bronze] tinha somente a aparência exterior de uma serpente, mas não continha nada dentro que fosse pestilento ou venenoso, Cristo se vestiu com a forma da carne pecaminosa, a qual ainda era pura e livre de todo pecado, para que Ele pudesse curar em nós a ferida mortal do pecado. 

Não foi em vão que o Senhor preparou anteriormente este tipo de antídoto, quando os judeus foram feridos pelas serpentes, e ele tende a confirmar o discurso que Cristo entregou. Pois quando viu que era desprezado como uma pessoa média e desconhecida, Ele não poderia produzir nada mais apropriado do que o levantamento da serpente, para dizer que eles não deveriam achar estranho, se, ao contrário da expectativa dos homens , ele fosse levantado ao alto da mais baixa condição, pois isso já tinha estado em sombras na Lei pelo tipo da serpente.

A questão que agora se coloca é: Será que Cristo se comparou com a serpente, porque havia alguma semelhança, ou, Ele pronunciou isto por ter sido um sacramento, como foi o maná? Porque o maná foi o alimento do corpo, na intenção do presente uso, mas Paulo atesta que ele era um mistério espiritual (1 Coríntios 10:3.) Sou levado a pensar que este também foi o caso com a serpente de bronze, tanto por esta passagem, e pelo fato de ser preservada para o futuro, até que a superstição do povo o converteu em um ídolo, (2 Reis 18:04). Se alguém formar uma opinião diferente, eu não debato esse ponto com ele.


16. “Porque Deus amou o mundo”. Cristo abre a primeira causa e, por assim dizer, a fonte da nossa salvação, e faz isso de forma que nenhuma dúvida possa permanecer; pois nossa mente não pode encontrar repouso tranqüilo, até que cheguemos ao amor não merecido de Deus. Como toda questão sobre nossa salvação não deve ser buscada em qualquer outro lugar a não ser em Cristo, então devemos ver de onde Cristo veio até nós, e por que Ele foi oferecido para ser nosso Salvador. 

Ambos os pontos são distintamente declarados para nós: a saber, que a fé em Cristo traz vida para todos, e que Cristo trouxe vida, porque o Pai Celestial ama [de tal maneira] a raça humana, e deseja que eles não venham a perecer. E esta ordem deve ser cuidadosamente observada, pois tal é a ímpia ambição, que pertence à nossa natureza, que, quando a questão diz respeito à origem da nossa salvação, nós rapidamente formamos diabólicas imaginações sobre nossos próprios méritos. Assim, imaginamos que Deus é reconciliado conosco porque Ele tem reconhecido em nós algo que seja digno para que Ele olhe para nós. Mas as Escrituras em todos os lugares exalta sua misericórdia pura e sem mistura, o que anula todos os méritos.

E as palavras de Cristo significam nada mais, quando declara a causa para estar no amor de Deus. Pois, se queremos subir mais alto, o Espírito fecha a porta pela boca de Paulo, quando nos informa que este amor foi fundado no propósito de Sua vontade, (Efésios 1:05). E, de fato, é muito evidente que Cristo falou desta forma a fim de afastar os homens da contemplação de si mesmos para olhar somente para a misericórdia de Deus. 

Nem diz que Deus foi movido a nos livrar, porque percebeu em nós algo que fosse digno de uma bênção tão excelente, mas atribui a glória de nosso livramento inteiramente ao Seu amor. E isso é ainda mais claro no que se segue, pois, acrescenta que Deus deu o seu Filho aos homens, para que eles não pereçam. Daí resulta que, até que Cristo conceda a sua ajuda para resgatar os perdidos, todos estão destinados à destruição eterna. Isso também é demonstrado por Paulo a partir de uma consideração do tempo; porque Ele nos amou quando ainda éramos inimigos pelo pecado (Romanos 5:8, 10).

E, de fato, onde reina o pecado, vamos encontrar nada, a não ser a ira de Deus, que arrasta a morte junto com ela. É a misericórdia, portanto, que nos reconcilia com Deus, para que Ele possa também nos devolver à vida.

Essa forma de expressão, no entanto, pode parecer estar em desacordo com muitas passagens das Escrituras, as quais colocam Cristo como o primeiro fundamento do amor de Deus para nós e demonstram que fora Dele somos odiados por Deus. Mas devemos lembrar – como eu já afirmei - que o amor secreto com o qual o Pai Celestial nos ama em si mesmo é superior a todas as outras causas, mas que a graça que Ele deseja que seja conhecida por nós, e pela qual nós somos estimulados para a esperança da salvação, começa com a reconciliação, a qual foi adquirida através de Cristo

Porque, uma vez que Ele necessariamente odeia o pecado, como vamos acreditar que somos amados por Ele, até que a expiação fosse feita pelos pecados em virtude dos quais Ele, justamente, está ofendido conosco? Assim, o amor de Cristo deve intervir com a finalidade de reconciliar Deus conosco, antes de termos qualquer experiência de sua bondade paternal. Mas, como nós fomos primeiramente informados de que Deus, porque nos amou, deu o seu Filho para morrer por nós, assim isso é imediatamente adicionado, que Cristo é quem, estritamente falando, a fé deve olhar.

Ele deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça”. Isso, diz ele, é o próprio olhar da fé, para ser fixado sobre Cristo, em quem vê o coração de Deus cheio de amor: este é um apoio firme e duradouro, para invocar a morte de Cristo como a única garantia desse amor. A palavra unigênito é enfático para magnificar o fervor do amor de Deus em relação a nós. Como os homens não são facilmente convencidos de que Deus os ama, a fim de eliminar qualquer dúvida, Ele declarou expressamente que somos muito queridos por Deus que, por nossa causa, Ele nem mesmo poupou seu Filho unigênito

Uma vez que, portanto, Deus tem mais abundantemente testificado o seu amor para conosco, quem não está satisfeito com este testemunho, e ainda permanece na dúvida, oferece um grande insulto a Cristo, como se Ele tivesse sido um homem comum entregado aleatoriamente à morte. Mas devemos, ao contrário, considerar que, em proporção à estimativa que Deus tem a seu Filho unigênito, tão mais preciosa nossa salvação parecia para Ele, porque para o resgate dos tais Ele escolheu que seu Filho unigênito morresse. Sobre esse nome, Cristo tem o direito, porque Ele é, por natureza, o Filho unigênito de Deus, e comunica essa honra a nós por adoção, quando somos enxertados em Seu corpo.

Para que todo aquele que nele crê não pereça”. É um elogio notável de fé, que nos livra da destruição eterna. Porque Ele pretendia expressamente declarar que, apesar de nós parecermos ter sido nascidos para a morte, sem dúvida a libertação nos é oferecida pela fé em Cristo; e, portanto, e não devemos temer a morte, que de outra forma paira sobre nós. 

E ele empregou o termo universal, “todo aquele que” tanto para convidar todos indiscriminadamente a participar da vida, e para cortar fora todas as desculpas dos incrédulos. Tal é também o sentido do termo “Mundo”, que Ele usou anteriormente, porque nada será encontrado em todo o mundo que seja digno da graça de Deus, mas ainda assim Ele se mostra reconciliado com o mundo inteiro, quando ele convida todos os homens sem exceção a fé em Cristo, que nada mais é do que uma entrada para a vida.

Vamos nos lembrar, por outro lado, que enquanto a vida é prometida universalmente a todos os que crêem em Cristo, ainda a fé não é comum a todos. Porque Cristo é feito conhecido e estendido à vista de todos, mas apenas os eleitos são aqueles cujos olhos Deus abre, para que possam buscá-lo pela fé. Aqui, também, é exibido um efeito maravilhoso da fé, porque nós recebemos Cristo tal como Ele nos é dado pelo Pai - isto é, como tendo nos libertado da condenação da morte eterna, e feito de nós herdeiros da vida eterna, porque, pelo sacrifício de Sua morte, ele expiou por nossos pecados, para que nada pudesse impedir Deus de nos reconhecer como Seus filhos. Uma vez que, portanto, a fé abraça a Cristo, com a eficácia de sua morte e com os frutos de sua ressurreição, não precisamos nos espantar se por ela obtemos igualmente a vida de Cristo.

Entretanto ainda não é muito evidente porque e como a fé concede sobre nós. Isso é porque Cristo nos renova pelo seu Espírito, para que a justiça de Deus possa viver e ser vigorosa em nós, ou isso é porque, tendo sido purificados pelo seu sangue, somos considerados justos diante de Deus por um perdão gratuito? Na verdade, é certo que essas duas coisas estão sempre juntas, mas como a certeza da salvação é o tema agora em mãos, devemos manter principalmente esta razão: que nós vivemos, porque Deus nos ama livremente, não imputando a nós nossos pecados. 

Por esta razão, o sacrifício é expressamente mencionado, pelo qual, juntamente com os pecados, a maldição e a morte são destruídos. Eu já expliquei o objetivo dessas duas cláusulas, que é, nos informar que, em Cristo, recuperamos a posse da vida, da qual somos destituídos em nós mesmos, pois nesta condição miserável da humanidade, a redenção, na ordem do tempo, acontece antes da salvação.

17. “Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo”. Essa é uma confirmação da declaração anterior, porque não foi em vão que Deus enviou seu próprio Filho para nós. Ele não veio para destruir e, portanto, segue-se, que é o peculiar oficio do Filho de Deus, que todos que crêem possam obter a salvação por Ele. Agora não há razão para que qualquer homem esteja em um estado de hesitação, ou de ansiedade angustiante sobre a maneira pela qual ele possa escapar da morte, quando nós cremos que era o propósito de Deus que Cristo nos livrasse dela. A palavra “mundo” é repetida mais uma vez, para que nenhum homem possa se pensar totalmente excluído, se ele somente guardar o caminho da fé.

A palavra juiz é colocada aqui para condenar, como em muitas outras passagens. Quando Ele declara que ele não veio para condenar o mundo, Ele assim ressalta o real desígnio da sua vinda, pois que necessidade havia de Cristo vir para nos destruir, se já estávamos completamente arruinados? Não devemos, portanto, olhar para qualquer outra coisa em Cristo, a não ser que Deus de sua bondade infinita escolheu estender sua ajuda para salvar a nós, que estávamos perdidos, e sempre que nossos pecados nos pressionarem - quando Satanás quer nos conduzir ao desespero - devemos erguer este escudo, porque Deus não está disposto a que sejamos esmagados com a destruição eterna, porque Ele designou seu Filho para ser a salvação do mundo.

Quando Cristo diz, em outras passagens, que Ele veio para juízo, (João 9:39;) quando é chamado de pedra de escândalo, (1 Pedro 2:07;) quando é dito ser destinado para a destruição de muitos (Lucas 2:34:) esta pode ser considerada como acidental, ou como decorrente de uma causa diferente; porque aqueles que rejeitam a graça oferecida Nele merecem encontrá-lo como o juiz e vingador de desprezo tão indigno e vil. Um exemplo marcante disto pode ser visto no Evangelho, porque apesar dele ser estritamente o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1:16), a ingratidão de muito faz com que ele se torne morte para eles .. Ambas as coisas foram bem expressas por Paulo, quando ele se orgulha de ter em mãos a vingança, por que ele punirá todos os adversários de sua doutrina, depois que a obediência do santo tiver sido cumprida, (2 Coríntios 10:6)

O sentido resulta nisso: que o Evangelho é especialmente, e em primeiro lugar, designado para os crentes, para que ele possa ser salvação para eles; mas depois para que os incrédulos não escapem impunes ao desprezarem a graça de Cristo e terem preferido Ele mais como o autor da morte do que da vida.

18. “Quem Nele crê não é condenado”. Quando ele tão freqüentemente e tão seriamente repete, que todos os crentes estão além do perigo da morte, nós podemos deduzir da grande necessidade de uma firme e segura confiança, que a consciência não pode ser mantida permanentemente em um estado de tremor e de alarme. Ele novamente declara que, quando nós cremos, não há condenação remanescente, que Ele mais tarde explicará com mais detalhes no quinto capítulo. O tempo presente - não é condenado - é aqui usado em vez do tempo futuro - não será condenado - de acordo com o costume da língua hebraica; porque Ele queria dizer que os crentes estão seguros do temor da condenação

“Mas quem não crê já está condenado”. Isto significa que não há outro remédio pelo qual qualquer ser humano pode escapar da morte, ou, em outras palavras, que para todos os que rejeitam a vida dada a eles em Cristo, não resta nada a não ser a morte, pois a vida consiste em nada mais do que na fé. O tempo passado do verbo “já está condenado” foi usado por ele enfaticamente, para expressar mais fortemente que todos os incrédulos estão completamente arruinados. 

Mas deve ser observado que Cristo fala em especial daqueles cuja maldade será exibido desprezar abertamente o Evangelho. Pois, embora seja verdade que nunca houve qualquer outro meio para escapar da morte, além de recorrer a Cristo, mas como Cristo fala aqui da pregação do Evangelho, que era para ser espalhado por todo o mundo, ele dirige o seu discurso contra aqueles que deliberadamente e maliciosamente extinguem a luz que Deus acendeu.



domingo, 10 de abril de 2016

Quem crer e for batizado será Salvo...


Jesus deixa claro, que ninguém vai ao Pai a não ser por Ele, ou ainda, quem crer nEle tem vida eterna, ou quem negar Ele não será salvo, etc.

depois nos deparamos com isso...

João 15:6
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

Jesus é incoerente? De maneira alguma, antes digo que a interpretação teológica mística do fator mágico “Crer” é equivocada. Alguns teólogos confundiram o significado e o contexto da palavra, “Crer” significa (Crer na mensagem) e não simplesmente na sua existência como propõe alguns, ou seja, abraçar a mensagem de Jesus! Viver a mensagem de Jesus no dia a dia! De como Jesus tratava as pessoas, como ele agiu, o que ele fazia, como ele vivia, e ainda, um convite a viver desse modo, pois o pai é daquele jeito.Ninguém pregou o evangelho melhor que Jesus, vivendo o evangelho na sua vida, e se fizermos isso, veremos, que somos seus discípulos, não em letras de pedras, mas, no dia a dia! (Hb 8:8-11) Amando uns aos outros, se compadecendo, perdoando, andando em piedade, humildade, mansidão, como ele o fez (Gl 5:22), só o andar Nele faz se, estar Nele (1 Jo 2:29) isso é o evangelho o resto é doutrinações institucionais.


E agora vemos isso:

Efésios 2:8-9
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

Somos salvos por fé e não por Obras Sim! Paulo deixou claro que a fé vale pelas obras (Ef 2:8-9) Então é só acreditar em Jesus de forma mística e pronto? Tiago explica: "Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma"(Tg 2:17). As obras não são a CAUSA mas sim o EFEITO da fé viva, a fé salva, mas ausência de obras refletem uma fé morta. Agora isso não são obras de Religiosidade e ritualística, mas sim do exercício do Amor ao próximo!

Como nenhum de nós merecemos ser salvos, ser salvo pela fé significa "tentar" praticar o que JESUS ensinou no seu dia a dia, se você não conseguir, o que valeu foi a tentativa.  

Afinal ninguém é bom o suficiente para alcançar o Reino de Deus. Portanto, Deus salva quem ele quiser salvar sem dar satisfação para ninguém como explica através de várias parábolas: dos trabalhadores da vinha (Mt 20:7) ou dos publicamos e meretrizes que alcançarão o Reino de Deus (Mt 21:31) misericordioso que alcançam misericórida (Tg 2:13) (Mt5:7) puros de coração que verão a Deus (Mateus 5:8), etc.

Observe nenhum dos textos se referem a “Crer” na existência da pessoa Jesus, de forma mágica esses, são bem aventurados, por, realizar as obras e os frutos de Jesus ainda que não soubessem quem é a pessoa de Jesus. É por isso que Cristo disse, que quem “Crer” nas palavras de Cristo (exercício do amor ao próximo), passa longe do Juízo, e tem a vida eterna! (João 5:24-29), agora, quem não “Crer” não será justificado pela fé! Será Julgado pelo bem ou mal que fez na vida! Assim como foi dito também na parábola de (João 15).

Deus deixou bem claro, a decisão é dele, que ninguém se glorie de nada!! Ele vai nos salvar por misericórida, dó, graça imerecida, porque não merecemos a salvação nem por um milhão de boas obras. Todavia ausência de boas obras significa falta de amor, e quem não ama não conhece a Deus, não exercitou o amor ao próximo e automaticamente nega a Cristo no coração, logo se há a ausência de boas obras pode haver crença, não há Fé nem amor e nem Deus. Toda fé viva tem que produzir boas obras. Imagina se Deus, fosse “deus” apenas dos que não possuem equívocos, erros, e heresias doutrinárias e teológicas a seu respeito? De Fato, Um Deus que se apresente do tamanho dessa mediocridade não serve nem pra ser homem, quanto mais para ser Deus! Então surge mais um questionamento: Existem pessoas que amam o próximo sem precisar de nenhum Deus! Certamente elas não conhecem o Deus das escrituras, mas conhece o Deus em espírito que habita em seu coração que é o mesmo das escrituras, onde há amor, ali há Deus. Faço me anti-Bíblico?

QUANTO AO BATISMO: ESSE VOU DETALHAR.

Marcos 16:16
Ouem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

PAULO EXPLICA:

Rm 6:3
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?

1 Cor 12:13
Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.

1 Cor 1:17
Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.

Atos 1:5
Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.

Mateus 20:23
E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado.

OU SEJA, JOÃO batizava em Águas, Jesus em espírito, todos fomos batizados com a morte DELE na Cruz, o pacto perfeito, no espírito, todavia o ritual simbólico continuou, apesar de ser desnecessário, assim como Paulo Circuncidou, e Guardou o Sábado algumas vezes, por causa da pressão que os judeus convertidos exerciam com questão a isso, e depois demonstrou que não havia a necessidade de Guarda-los. (Colossenses 2:16). Lembre-se dos princípios que Paulo adotou: "Se for para não escandalizar a fé de um irmão fraco, até deixo de comer carne" (Romanos 14). Quem conhece Cristo e os Evangelhos, sabe que todas essas práticas ritualísticas não são proveitosas em em Cristo pela Cruz.

Agora se estiver inseguro, pode ir num Rio, e assim como fez João, leia João 1, chame um amigo, mergulhe no rio, faça igual e pronto, não é preciso nenhuma instituição religiosas para isso.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A “Santa Ceia” é realmente santa?


O assunto o qual vou abordar agora é muito delicado para muitos da estrutura religiosa cristã (catolicismo e protestantismo). Para muitos, divergir nesta questão é uma blasfêmia terrível. Mas, para aqueles a quem, de fato se destina este BLOG, é mais um artigo que servirá de despertamento, conduzindo-os a retirar de sua vida mais um "engano de satanás" que ousa deturpar aquilo que Cristo de fato quis nos ensinar. E esse engano só não foi revelado há muito mais tempo pela igreja, caro leitor, porque estava soterrado sob liturgias e rituais provenientes da religiosidade pagã-romana.
Sei que, ao tocar neste assunto, é como se estivesse cutucando um vespeiro, pois a “Ceia” é um dos pilares do cristianismo. Nestes últimos tempos, o Espírito Santo tem aberto os olhos de muitos, pois o dia do retorno do nosso Cristo, o Messias, está muito próximo. E antes de sua volta TODAS as coisas serão reveladas aos servos, todo engano cairá por terra (cf. Atos 3.21).C
Cristo nunca mandou instituirmos rituais! E Ele não nos ordenou a fazer este ritual de partir um pão em pedacinhos e comer tomando copinho de suco de uva, mas através de certas atitudes descritas na Palavra, Ele nos deixa o exemplo de transferi-las para uma linguagem espiritual em nosso dia-a-dia. Ele aproveitou a comemoração da páscoa junto aos seus discípulos e, em meio a vários outros itens no jantar, destacou o pão e o vinho para nos ensinar algo IMPORTANTE. Mas NÃO instituiu um ritual. Por exemplo, o que Ele nos ensina com o ato de lavar os pés dos discípulos? Com certeza não ensinou um ritual literal de lavar os pés, mas ensina que devemos nos humilhar, nos sujeitar e servir o próximo em amor.
Diversas liturgias e rituais que muitos do catolicismo e protestantismo contemporâneo praticam e as têm como comuns e importantes, são originárias do império romano, quando o imperador Constantino formou o cristianismo religioso baseado em dogmas e ordenanças religiosas, por volta do ano 300 d.C. Presta atenção numa coisa: o cristianismo de Constantino é um verdadeiro pacote de rituais e costumes de outras culturas pagãs, como por exemplo, Grega e Mitraica (religião romana pagã).
O ritual de comer um pão físico e beber o vinho (suco de uva) foi, de certa forma, introduzido pelo catolicismo de Constantino, copiando de um possível ritual ao deus chamado “Mitra”. Não vou me aprofundar no contexto histórico agora, mas irei deixar alguns links aqui onde vocês poderão estudar mais sobre o Mitra e o mitraísmo:
Iremos apenas focar no que Cristo verdadeiramente nos ensinou, sem a intromissão de ensinos impostores do passado.
Martinho Lutero, idealizador da “reforma protestante”, morreu ainda sendo padre católico. Ele apenas reformou algo já existente, mas não se desapegou de vários de seus velhos dogmas. Quando você reforma uma casa, você pode modificar algumas características dela, mas não muda suas estruturas. Pois foi isto que aconteceu na suposta “reforma protestante”. Uma das provas que podemos observar na história foi que, mesmo após a reforma de Lutero, ainda era feito pelos protestantes o ritual da Eucaristia, na qual, a cada rito, refazem simbolicamente o sacrifício já realizado e consumado no madeiro.
A “Santa Ceia” (nome dado pelo catolicismo), era simplesmente, no tempo de Cristo, uma refeição noturna durante a páscoa judaica. 

“Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?” (Lucas 22:7-11)
Esclarecimentos importantes antes de começar pra valer o estudo
Os padres católicos que traduziram e compilaram a Bíblia, a organizaram de forma errada. Estamos acostumados a começar a ler o Novo Testamento à partir do nascimento de Cristo. Isto é um grande erro. Você pode dizer que isto não afeta a “inerrância” deste livro, pois é apenas uma ordem na impressão. Mas já é suficiente para levar as pessoas ao engano. É importante sabermos disto. O “Novo Testamento” que temos pelo início da Nova Aliança, se inicia, de fato, após a morte de Cristo (cf. Hebreus 7), e não no nascimento, como foi colocado na Bíblia. Após sua morte, se iniciou uma Nova Aliança.
Quero esclarecer também que, o Antigo Testamento é sombra das coisas futuras (Novo Testamento). Se a “Ceia” foi realizada antes da morte do Messias, então devemos entender que ela foi feita ainda durante a Velha Aliança, por isso, este ato é apenas uma sombra da revelação espiritual trazida na Nova Aliança. Pois bem, foi exatamente o que o Messias quis nos trazer. Ele NÃO nos ensinou um ritual, mas sim um entendimento espiritual de como seria a vida de sua Igreja após Sua morte e ressurreição. Através daquela simples refeição, Ele nos ensinou como deveríamos viver espiritualmente.
“Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Jesus? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Jesus?” (1 Coríntios 10:16)
Enquanto você ler o estudo, você pode perceber que o texto de I Coríntios 11:23 em diante, não foi usado. Mas este texto será explicado ao final deste artigo.
Vamos agora analisar os textos:
O PÃO
“E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.” (Lucas 22:19)
O NOSSO MESSIAS É O VERDADEIRO PÃO, O PÃO QUE DESCEU DOS CÉUS
Ele não é um pão físico (pão de forma, pão sovado, bisnaga da padaria). O pão que Ele nos fala é espiritual, ou seja, Ele mesmo! No dia da páscoa, Ele apenas usa o pão e o vinho para servir como simbolismo didático no momento, Ele usou elementos materiais para mostrar aquilo que era espiritual, e nunca para ser um ritual, como é feito hoje! Isso precisa ficar MUITO claro, por isso estou repetindo.
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (João 6:51)
“Porque o pão do Eterno é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes.” (João 6:33)
“Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?” (João 6:49-52)
Devemos nos alimentar do verdadeiro Pão que é espiritual, e não físico. Veja novamente neste versículo:
“Este é o pão que desceu do céu (Jesus); não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.” (João 6:58)
“Eu sou o pão da vida.” (João 6:48) – Jesus é o verdadeiro Pão espiritual, e não um pão feito de farinha de trigo.
Mas porque “fazei isto em memória de mim”?
Certamente não é um ritual da qual Ele pede para que façamos. Veja os textos:
“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” (João 1:1)
“E a Palavra se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João 1:14)
“(Jesus) Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.” (Apocalipse 19:13)
Jesus Cristo é a PALAVRA! É o Pão! O Pão espiritual é a Palavra. Quando Ele nos pede que partíssemos e comêssemos do Pão, na verdade devemos comer e compartilhar a Palavra, a Palavra viva, o próprio Jesus! Então o Pão que as Escrituras nos falam não é um pão que compramos na padaria e comemos como se fosse um pão “mágico”, não! Mas é o Pão espiritual! Jesus, nosso Messias! Faça isso sempre em memória dele.
O CÁLICE
“Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:17-20)
Da mesma forma que o Pão descrito na Escritura é o Pão espiritual, ou seja, a Palavra Viva (Jesus), o cálice descrito no texto acima também é espiritual, veja:
“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice (sofrimento); todavia não se faça a minha vontade, mas a Tua.” (Lucas 22:41-42)
“Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo (sofrimento futuro e morte), e ser batizados no batismo em que eu sou batizado? E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados; mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.” (Marcos 10:37-40)
“Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice (sofrimento futuro) que o Pai me deu?” (João 18:11)
Diante destes textos podemos verificar a linguagem espiritual da expressão “Cálice”. O cálice do Messias são Seus sofrimentos, Sua renúncia, morte, Sua vida… Quando Ele pede para bebermos do seu cálice, é para que possamos alinhar nossa vida com a Vida dEle. É que possamos imitá-lo em Suas atitudes. Devemos nos alimentar do Pão (A Palavra) e dividi-lo com muitos, mas também praticarmos o que Ele fez, nos humilhando se preciso, até a morte, para que Ele seja glorificado, assim como o Pai foi glorificado na vida e atitudes dEle.
Uma orientação simples ou ordenação de uma liturgia ritualística?
Vamos ler o texto por inteiro, e não somente a parte que é lida na liturgia!
“Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior. Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor; porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se embriaga. Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem. Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Se algum tiver fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais para condenação vossa. E as demais coisas eu as ordenarei quando for.” (1ª Coríntios 11:17-34)
Por causa das inúmeras repetições da liturgia da qual o líder lê este texto, muitos até o sabem “decorado” sintomatizando uma idolatria pelo texto. Mas nesta parte da carta à Igreja de Corinto, Paulo estava os orientando com muita simplicidade, não querendo lhes ordenar uma liturgia ritualística. Paulo expõe a esta Igreja da seguinte forma:
A comunidade de Corinto não sabia discernir o Corpo de Jesus…. Muitos formavam entre si, grupos para reunir-se comer e embriagar-se na casa de alguém (a famosa roda de irmãos que se formam antes ou depois da reunião para comer)… Só que enquanto alguns se reuniam (“panelinhas”) para comerem sua refeição, outros da própria congregação estavam passando por dificuldade e fome. Ou seja, individualismo e egoísmo eram alguns pecados da Igreja de Corinto. Paulo então diz, que se forem apenas para ajuntarem alguns para comer e deixar um outro irmão em dificuldade e sem ajuda, é melhor que comam em casa, pois eles não se reuniam para agradar à Jesus, não praticavam a verdadeira refeição, para compartilhar da Palavra.
Por isso, Paulo cita a passagem da páscoa feita antes da morte do Messias, da qual Ele ensina qual é a verdadeira refeição, que é comer e beber dEle. Para que com isso, anunciar a morte de Jesus.
Como vamos fazer este anúncio (do evangelho) apenas enchendo o estômago de pão físico e suco de uva?
Paulo também nunca quis transmitir o ensino de uma liturgia ritualística. Mas ele ensinava que, se somos o Corpo de Cristo, e o Messias “se partiu” por nós, devemos fazer como Ele, O Seu Corpo – a Igreja, também deve ser partida pelo próximo, através da pregação da Palavra, participando do seu cálice: dos seus sofrimentos, sua renúncia e seu modo de viver.
Por causa daqueles erros apontados por Paulo, A igreja de Corinto não sabia discernir o Corpo de Jesus, pois apenas comiam para si, e comiam para sua própria condenação, pois estavam em pecado. Por isso estavam espiritualmente fracos e doentes, e muitos dormiam na fé.
A “ceia” no formato atual que é praticada nas igrejas vem de tempos em que Roma já buscava uma conciliação com práticas pagãs, e portanto não deve ser tida como algo bíblico ou um ritual ordenado por Cristo, se alguém quiser fazer esse ritual fique sabendo que Cristo não ordenou tal procedimento. Fora o fato de ser completamente distorcida: É feita com base no simbolismo do pão, e não no que de fato Cristo quis expressar, é feita fora de hora, é feita de forma desconectada da festa bíblica (páscoa) de que se origina, e não é ordenada em momento algum nas Escrituras. Em suma, trata-se de doutrina de homens.

A "santa ceia" cristã é um ritual que tem suas origens no paganismo!
Mais especificamente na chamada Teofagia. Esta é mais uma das “contribuições” de Constantino à cristandade. Seu sincretismo na implantação de uma religião única no império romano, destroçou o poder da IGREJA DE CRISTO até os dias de hoje, quando inseriu em seu meio práticas pagãs. A Teofagia é a prática de comer o corpo de um deus. Isso às vezes é realizada simbolicamente através da ingestão de um alimento ou material simbólico desse deus. Nos rituais de fertilidade, o grão colhido pode ser ele próprio o deus renascer da vegetação. Esta prática tem origem em muitas religiões antigas. Dionísio e muitos exemplos são documentados em The Golden Bough por Sir James George Frazer (1854-1941). Vestígios da prática da teofagia sobreviveram em muitas religiões modernas.
Protestantes e Católicos não praticam a CEIA do modo como era no século I (trecho do livro “Cristianismo Pagão”, de Frank Viola)
Rios de sangue foram derramados tanto por mãos protestantes como católicas por causa de intrincadas doutrinas relacionadas à Ceia do Senhor. 20[20] A Ceia do Senhor, uma vez preciosa e viva, chegou a ser o centro do debate teológico por muitos séculos. Mas protestantes (como católicos) não praticam a Ceia do modo como era no século I. Para os primeiros cristãos, a Ceia do Senhor era uma refeição festiva. 21[21]
Hoje, a tradição forçou-nos a tomar a Ceia com um dedalzinho com suco de uva e um pedacinho de pão ou biscoito sem gosto. Toma-se a Ceia em um ambiente de penumbra e morte. Pedem que recordemos os horrores da morte de Nosso Senhor e reflitamos sobre nossos pecados. Além disso, a tradição nos ensina que tomar a Ceia pode ser uma coisa perigosa. Portanto, a maioria da moderna cristandade nunca a tomaria sem a presença de um clérigo. Todos estes elementos eram desconhecidos entre os primeiros cristãos. Para eles, a Ceia do Senhor era uma ceia comunal. 22[22] O humor era de celebração e gozo. E não havia nenhum clérigo na direção. 23[23] A Santa Ceia, essencialmente, era um banquete cristão.
Truncando a Ceia
Quando acabou a ceia completa, ficando apenas o pão e o cálice? Durante o século I e a primeira parte do II, os primeiros cristãos descreviam a Santa Ceia como a “festa do amor”.24[24] Naquele tempo eles tomavam o pão e o cálice dentro do contexto de uma ceia festiva. Mas por volta do tempo de Tertuliano (160-225), houve um início de separação do pão e do cálice da Ceia. Pelo fim do século II, a separação foi completa. 25[25]
Alguns eruditos têm arrazoado que os cristãos eliminaram a ceia porque eles não queriam que a Eucaristia fosse profanada pela participação de incrédulos. 26[26] Em parte isso pode ser verdade. Mas é mais provável que a crescente influência do ritual religioso pagão removeu o gostoso ambiente caseiro, não religioso, de uma ceia na sala de uma casa. 27[27] Já pelo século IV a festa do amor foi “proibida” entre os cristãos! 28[28]
Com o fim da ceia, os termos “partir o pão” e “Ceia do Senhor” sumiram. 29[29] Agora, o termo comum do ritual truncado (apenas pão e cálice) era “Eucaristia”. 30[30] Irineu (130-200) foi um dos primeiros a descrever o pão e o cálice enquanto “oferenda”. 31[31] Depois dele adotou-se o termo “oferenda” ou “sacrifício”.
A mesa do altar onde o pão e cálice eram colocados chegou a ser vista como um altar onde a vítima [do sacrifício] era oferecida.32[32] A Ceia deixou de ser um evento comunitário. Em vez disso virou um ritual sacerdotal presenciado a distancia. Ao longo dos séculos IV e V houve um crescente sentido de medo e pavor associado com a mesa onde se celebrava a Eucaristia.33[33] Chegou a ser um ritual sombrio. A alegria que antes acompanhava a Ceia desaparecera completamente.34[34]
O misticismo associado à Eucaristia deveu-se à influência do misticismo religioso pagão. 35[35] Tais religiões eram permeadas de mistério e superstição. Com esta influência, os cristãos começaram a atribuir nuances sagradas ao pão e ao cálice. Eram vistos como objetos santos em si mesmos. 36[36]
O fato da Ceia do Senhor chegar a ser um ritual sagrado fez com que esta exigisse uma pessoa sagrada para ministrá-la.37[37] É aí que entra o sacerdote para oferecer o sacrifício da Missa. 38[38] Acreditava-se que ele tinha o poder de pedir a Deus que descesse do céu e tomasse residência em um pedacinho de pão. 39[39]
Por volta do século X, o significado da palavra “corpo” mudou na literatura cristã. Previamente, os escritores cristãos utilizavam a palavra “corpo” referindo-se a uma das três coisas: 1) O corpo físico de Jesus, 2) a Igreja, ou 3) O Pão da Eucaristia.Os pais da igreja primitiva viam a igreja como uma comunidade de fé identificada com o partir do pão. Mas pelo século X houve uma mudança de pensamento e de linguagem. A palavra “corpo” já não era mais utilizada referindo-se à igreja. Era utilizada apenas referindo-se ao corpo físico do Senhor ou ao pão da Eucaristia. 40[40] A palavra “corpo” tinha sido evacuada de seu outro significado: A igreja.
Por conseguinte, a Ceia do Senhor distanciou-se bastante da ideia da Igreja reunindo-se para celebrar o partir do pão. 41[41] A mudança de vocabulário refletia esta prática. A Eucaristia não tinha nada a ver com a Igreja, mas chegou a ser vista como “sagrada” em si mesma — mesmo quando colocada na mesa. Envolvida em uma mística religiosa. Vista com assombro. Tomada pelo sacerdote com uma sombria disposição. Completamente divorciada da natureza comunal da ekklesia.
Todos estes fatores deram apoio à doutrina da transubstanciação. No século IV, explicitou-se a crença de que o pão e o vinho se transformavam em corpo e em sangue real do Senhor. A transubstanciação foi, portanto, a doutrina que explicava teologicamente como essa mudança ocorria.42[42] (Esta doutrina funcionou do século XI ao XIII).
A doutrina da transubstanciação trouxe consigo um sentimento de medo em torno dos elementos. O temor foi tão intenso que o povo de Deus vacilava aproximar-se dos elementos.43[43] Acreditava-se que quando as palavras da Eucaristia eram ditas, o pão literalmente virava Deus. Tudo isto converteu a Ceia do Senhor em um ritual sagrado levado a cabo por gente sagrada, bem distante das mãos do povo de Deus. Isto ficou tão fixo na mentalidade medieval que o pão e o cálice viraram “oferenda” até mesmo para alguns dos reformadores. 44[44]
Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica da Ceia. Observe qualquer Ceia do Senhor (muitas vezes chamada de “Santa Comunhão”) em qualquer igreja protestante e você verá o seguinte:
A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica. O humor é sombrio e taciturno. Como na Igreja Católica. O pastor diz à congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma prática que veio de João Calvino. 45[45]
Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as palavras da instituição: “Este é o meu corpo” antes de distribuir os elementos à congregação. 46[46] Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval.
CONCLUSÃO
Não estou introduzindo algo novo no Evangelho, mas verdadeiramente exortando-os a voltar ao ensinamento original, sem a ritualização religiosa, na qual, o Messias nunca quis nos ensinar, mas que foi injetada durante a história da Igreja. Muitos ainda vivem enganados, pensando que ao comerem um pão de trigo, e beberem um copo de suco de uva industrializado, estão obedecendo uma ordenança de Jesus Cristo, o nosso Messias. Mas estão fracos e doentes porque não se alimentam e compartilham da Palavra (O Pão espiritual) e nem se tornam participantes do Cálice do Mestre (da vida e práticas do Messias), que significa viver em santidade, andar em santidade, como Ele andou.
Olhe pra mim! Este ritual de comer pão físico e beber suco como ritual NÃO consta nas Sagradas Escrituras! E nunca devia existir. Este rito foi introduzido por homens que supostamente entenderam tudo de forma errônea, ou até, quem sabe, usando de má intenção. O comer e beber Dele deve ser espiritual! Uma atitude diária em nossa vida!

Então, tudo o que foi feito até hoje, de nada serviu?
Outrora, vivíamos no tempo da ignorância, mas agora o Espírito Santo está abrindo os olhos da Igreja! Ouça-O! Vamos ver o que é espiritual com os olhos espirituais! E não carnais (segundo a nossa vontade).
“Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” (Romanos 8:5-6)
Chegou o tempo de voltarmos a pureza do Evangelho, sem distorções históricas, sem invenções de achismos ou com más intenções. Apenas o Evangelho! Nosso foco deve ser Jesus… Pare de pensar apenas em si mesmo! Vamos discernir o Corpo Dele! Vamos imitá-Lo, amando o próximo, e pregando as boas novas do Reino!
“Quem tem ouvidos para ouvir, OUÇA!”
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Referências Bibliográficas

20[20] Nas palavras de H. Ellerbe, “Ensinaram-me a conceber a história do Cristianismo como uma história de espiritualidade, emanada de Cristo, que brilhou pelos séculos como luz na escuridão. Mas percebi que tal Cristianismo tem em si mesmo um lado escuro, e que a história do Cristianismo é ao mesmo tempo uma ladainha de crueldade e um legado de caridade”.

21[21] Veja Rethinking the Wineskin, Capítulo 2; Eric Svendsen, The Table of the Lord (Atlanta: NTRF, 1996); F.F. Bruce, First and Second Coríntios, NCB (London: Oliphant, 1971), p. 110; James F. White, The Worldliness of Worship(New York: Oxford University Press, 1967), p. 85; William Barclay, The Lord’s Supper(Philadelphia: WestministerPress, 1967), pp.100-107; I. Howard Marshall, Last Supper
and Lord’s Supper(Eerdmans, 1980); Vernard Eller, In Place of Sacraments (Eerdmans, 1972), pp. 9-15.
22[22] “Ao longo do período do NT a Ceia do Senhor era uma refeição real compartilhada nas casas de cristãos” (John Drane); “Nos primeiros dias a Ceia do Senhor aconteceu no curso de uma refeição comunal. Todos traziam a comida que podiam e depois a compartilhavam conjuntamente” (Donald Guthrie); “Em Corinto a sagrada comunhão não era simplesmente uma refeição simbólica como
fazemos, mas uma refeição real. Além disso, parece claro que era uma refeição em que cada participante trazia comida” (Leon Morris).
23[23] The Lord’s Supper, pp. 102-103. A Ceia do Senhor foi certa feita uma função “secular”, mas eventualmente virou dever especial de uma classe sacerdotal.
24[24] Isto foi chamado Agape. Judas 1:12.
25[25] The Shape of the Liturgy, p. 23;Early Christians Speak, pp. 82-84, 96-97, 127-130. Nos século I e início do século II, A Ceia do Senhor parece ter sido celebrada pela noite como uma refeição. Fontes do século II mostram que era celebrada apenas aos domingos. No Didache, a Eucaristia é mostrada como sendo tomada com a refeição do Ágape(festa do amor). Veja também J.G. Davies, The Secular Use
of Church Buildings(New York: The Seabury Press, 1968), p. 22.
26[26] The Table of the Lord, pp. 57-63.
27[27] Sobre as influências pagãs envolvendo a Missa Cristã, veja o ensaio de Edmon Bishop, The Genius of the Roman Rite; Mgr. L. Duchesne, Christian Worship: Its Origin and Evolution(New York: Society for Promoting Christian Knowledge, 1912), pp. 86-227; Josef A. Jungmann, S.J., The Early Liturgy: To the Time of Gregory the Great(Notre Dame: Notre Dame Press, 1959), p. 123, 130-144, 291-292; M.A. Smith, From Christ to Constantine (Downer’s Grove: InterVarsity Press, 1973), p. 173; Will Durant, Caesar to Christ(New York: Simon & Schuster, 1950), pp. 599-600, 618-619, 671-672.
28[28] Foi proibida pelo Concílio de Cartago em 397 d.C.. The Lord’s Supper, p. 60; Charles Hodge, 1 Coríntios, p. 219; R.C.H. Lenski, The Interpretation of 1 & 2 Coríntios, p. 488.
29[29] The Early Christians, p. 100.
30[30] Ibid., p. 93. Eucaristia significa “ação de graças”.
31[31] Tad W. Guzie, Jesus and the Eucharist(New York: Paulist Press, 1974), p. 120.
32[32] Ibid.
33[33] Escritores como Clemente de Alexandria, Tertuliano, e Hippolytus (início do século III) começaram a usar uma linguagem que geralmente fala da presença de Cristo no pão e no vinho. Mas nenhuma tentativa foi feita naquele primeiro momento para questionar este realismo físico que “transformava” o pão e o vinho em carne e sangue. Posteriormente, alguns escritores orientais (Cyril, Sarapion, Athanasius) apresentaram uma oração para o Espírito Santo transformar o pão e o vinho em corpo e sangue. Mas foi Ambrósio de Milão (fim do século IV) que fixou um poder consagratório pela recitação das palavras da instituição. Às palavras “Este é o meu corpo” (do latim em meum de corpo de hocest) foram atribuídas o poder de transformar o pão e o vinho (Josef Jungmann, The Mass of the Roman Rite, New York: Benziger, 1951, pp. 52, 203-204; Gregory Dix, The Shape of the Liturgy, London: Dacre Press, pp. 239, 240-245). Incidentalmente, o latim começou a ser utilizado no Norte da África no início do século I e esparramou-se lentamente através de Roma até tornar-se comum ao final do século III (Bard Thompson, Liturgies of the Western Church, Cleveland: Meridian Books, 1961, p. 27).
34[34] Isto se reflete também na arte Cristã. Não há nenhum semblante melancólico de Jesus antes do século IV (Private Email from Graydon Snyder, 10/12/2001; Veja também his book Ante Pacem).
35[35] Jesus and the Eucharist, p. 121.
36[36] Isto aconteceu no século IX. Antes disto era o ato de tomar a Eucaristia que se considerava sagrado. Mas em 830 d.C., um homem chamado Radbert escreveu o primeiro tratado abordando a Eucaristia focando diretamente o pão e o vinho. Todos os escritores cristãos antes de Radbert descreveram o que os cristãos faziam quando tomavam o pão e o vinho, ou seja, o ato de tomar os elementos. Radbert foi o primeiro a focar exclusivamente os elementos pão e vinho que eram colocados na mesa do altar (Jesus and the Eucharist, pp.60-61, 121-123).
37[37] James D.G. Dunn, New Testament Theology in Dialogue (Westminister Press, 1987), pp. 125-135.
38[38] Isto teve início por volta do século IV.
39[39] Richard Hanson, Christian Priesthood Examined(Guildford and London: Lutterworth Press, 1979), p. 80.
40 http://www.libertar.info/
41 Cristianismo Pagão pag. 110 a 114.


Texto readaptado para melhor entendimento

O Reino Milenial de Cristo

Haverá verdadeiramente um reino milenial depois que Cristo voltar? (Expondo as verdades da doutrina Amilenista) Apocalipse 20:1-1...