terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A época do Retorno de Cristo


Erros têm sido cometidos em ambas as direções na interpretação dessa expectativa neotestamentária do retorno breve de Cristo. O Novo Testamento não contém absolutamente nenhuma doutrina a respeito da época do retorno de Cristo. Ele de modo nenhum estabelece como um fato que o retomo de Cristo ocorrerá imediatamente após a destruição de Jerusalém. Muitos intérpretes, de fato, inferiram isso a partir de Mateus 10.23; 16.28; 24.34; 26.64 e textos paralelos, mas erraram, pois não há dúvida de que Jesus falou sobre sua vinda em vários sentidos.

Em João 14.18-24 (cf. 10.16-18), ele fala aos seus discípulos sobre sua vinda no Espírito depois do Pentecostes ou, de acordo com outros intérpretes, sobre sua vinda depois da ressurreição, quando novamente aparecerá aos seus discípulos por algum tempo. Em Mateus 26.64, perante o Sinédrio, Jesus não apenas confirmou seu messianismo sob juramento, mas também afirmou que os convenceria disso porque, daquele momento em diante eles o veriam assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.

Em outra parte, também se faz menção dessa vinda em glória. Mateus 16.28 (cf. Mc 9.1; Lc 9.27) não deixa lugar para dúvida sobre isso. Jesus diz aqui que alguns dos que se encontravam ali não passariam pela morte antes de verem o Filho do Homem vindo em seu reino. Um momento antes ele havia admoestado seus ouvintes a se preocuparem, acima de tudo, com a salvação de suas almas, enfatizando essa admoestação ao dizer que o Filho do Homem viria na glória de seu Pai e retribuiria a cada um segundo o que tivesse feito. Essa vinda não ia demorar muito – como acrescentou no verso 28 como explicação – pois, antes que todas as pessoas que ali estavam morressem, o Filho do Homem viria em seu reino, isto é, com o poder e a dignidade reais que o Pai lhe havia dado, pois, por meio de sua ressurreição e ascensão, Cristo foi designado pelo Pai como Senhor e Cristo (At 2.33; 5.31) e, desse momento em diante, na medida em que seu reino é fundado e estabelecido na terra, ele está continuamente vindo em sua dignidade real. Em Marcos 9.1 e Lucas 9.27, a frase é, portanto, explicada dizendo que muitos não passarão pela morte até que tenham visto o reino de Deus ou o tenham visto vir com poder. Mateus 10.23 pode ser explicado da mesma forma: os discípulos são informados de que não terão percorrido todas as cidades de Israel antes que o Filho do Homem venha. Embora essa vinda não seja explicada mais detalhadamente, não é possível que ela se refira à parousia porque, nesse caso, Jesus estaria se contradizendo. De qualquer forma, em Mateus 24, ele diz que sua parousia acontecerá depois da destruição de Jerusalém. Jesus não diz quanto tempo depois desse evento assustador sua vinda ocorrerá. No entanto, em sua profecia, ele, de fato, a associa à queda de Jerusalém. A tradução de eutheõs, em Mateus 24.29 por “logo em seguida” em vez de “imediatamente” não acarreta mudança nisso, pois, nas palavras seguintes, somos claramente informados de que os sinais da parousia ocorrerão imediatamente (eutheõs) depois da tribulação daqueles dias (“em seguida à tribulação daqueles dias”, Mc 13.24; cf. Le 21.25-27).9

Isso é confirmado por Mateus 24.34 (cf. Mc 13.30; Lc 21.32), onde Jesus diz que “não passará esta geração sem que tudo isto aconteça”. As palavras “esta geração” não podem ser entendidas como significando o povo judeu, mas, sem dúvida, referem-se à geração que estava viva quando as palavras foram pronunciadas. Por outro lado, está claro que as palavras “tudo isto” não incluem a parousia em si, mas referem-se apenas aos sinais que a precedem e a anunciam, pois, depois de predizer a destruição de Jerusalém e os sinais de seu retorno e até mesmo a reunião de seus eleitos pelos anjos e, portanto, efetivamente terminar seu discurso escatológico, Jesus começa, no v. 32, a oferecer uma aplicação prática. Aqui, ele afirma que, assim como no caso da figueira brotar das folhas anuncia o verão, assim também “tudo isto” são sinais de que o fim está próximo ou de que o Messias está às portas. Aqui, a expressão claramente se refere aos sinais da parousia vindoura, não à parousia em si, pois não faria sentido dizer que quando “tudo isto” ocorrer, o fim está “próximo”. No verso 34, as palavras “tudo isto” têm o mesmo significado. Jesus, portanto, não diz que sua parousia ocorrerá dentro do tempo de vida da geração que estava viva quando essas palavras foram pronunciadas. O que ele diz é que os sinais e portentos da parousia seriam visíveis na destruição de Jerusalém e eventos concomitantes começariam a ocorrer durante o tempo de vida daquela geração. Jesus está tão seguro disso que diz que o céu e a terra podem passar, mas suas palavras não passarão.

Quanto ao mais, porém, Jesus se abstém de todas as tentativas de especificar o momento de sua volta. Seu intento não é informar seus discípulos sobre o momento preciso de sua parousia, mas incentivá-los a serem vigilantes. Por essa razão, ele não diz quando virá, mas quais são os sinais dos tempos que anunciarão sua vinda. Tomar conhecimento dos sinais dos tempos é uma obrigação dos discípulos de Jesus, mas a estimativa do tempo preciso de sua vinda é proibida e até mesmo impossível. Tomar conhecimento dos sinais dos tempos requer que Jesus lance sua luz sobre os eventos que ocorrerão e ele faz isso, assim como fizeram todos os profetas antes dele e todos os apóstolos depois dele.

Por essa razão, ele também não diz que muitos séculos se passarão entre a destruição de Jerusalém e sua parousia. Isso teria feito com que a admoestação à vigilância fosse completamente inútil. Assim como a profecia fez em todas as épocas, Jesus também anuncia a aproximação do fim nos eventos de sua época. Os apóstolos seguem seu exemplo quando, em heresia e fraude, provações e juízos, na queda de Jerusalém e no Império Romano, descrevem os primeiros mensageiros do retorno de Cristo e o cumprimento inicial de sua profecia. Todos os crentes devem, em todas as épocas, viver como se a vinda de Cristo estivesse às portas. “A proximidade da parousia é, por assim dizer, apenas uma forma de expressar sua certeza absoluta”.10 No entanto, pela mesma razão, o cálculo do momento preciso da parousia também é inapropriado para os cristãos, afinal, Jesus deliberadamente deixou essa informação em aberto. Sua vinda será repentina, inesperada, surpreendente, como a de um ladrão na noite (Mt 24.43; Lc 12.39; cf. “como um laço”, Lc 21.35).

Muitas coisas têm de acontecer antes que venha o fim (Mt 24.6). O evangelho deve ser pregado a todo o mundo (Mt 24.14). O noivo tarda e o mestre dos servos permaneceu em um país distante por muito tempo (Mt 25.5, 13, 19). O trigo e o joio devem crescer juntos até a colheita (Mt 13.30). A semente de mostarda deve crescer até se transformar em uma árvore e o fermento deve levedar toda a massa (Mt 13.32-33). De fato, certa vez, ao tratar do assunto da parousia, Jesus afirmou, expressamente, que o dia e a hora de sua vinda não são conhecidos por ninguém, nem por anjos nem por seres humanos, aliás, nem mesmo pelo Filho do Homem (Mc 13.32). Mesmo depois de sua ressurreição, Jesus ainda testifica que o Pai por sua própria autoridade fixou os tempos e as épocas para o estabelecimento de seu reino (At 1.7). Todos os apóstolos repetem essa linguagem. Cristo vem como um ladrão na noite (1Ts 5.1-2; 2Pe 3.10; Ap 3.3; 16.15). Ele só aparecerá depois que o anticristo tiver vindo (2Ts 2.2ss.). A ressurreição está planejada para acontecer em uma sequência fixa, primeiro a de Cristo, depois a dos crentes em sua vinda (1Co 15.23). Esse futuro tarda porque o Senhor usa um padrão para medir o tempo que é diferente do nosso e deseja, em sua paciência, que todos cheguem ao arrependimento (2Pe 3.8-9).



NOTAS
Nota do organizador: Bavinck está sugerindo que eutheõs é paralelo a “logo em seguida […] daqueles dias”. Portanto, que o termo seja traduzido por “repentinamente” ou “imediatamente”, isso não afeta a dimensão temporal do que Jesus está dizendo. Não resolvemos o problema do texto traduzindo eutheõs como “repentinamente” em vez de “imediatamente”. 

10.“Die Nahe der Parusie ist gewissermassen nur ein anderer Ausdruck für die absolute Gewissheit derselben”. Baldensperger, in H. J. Holtzmann, Lehrbuch der neutestamentlichen Theologie (Freiburg i. B. e Leipzig: Mohr, 1897), 1,312.


por Herman Bavinck

Trecho extraído da Dogmática Reformada do autor, vol 4, pág 694-697. Editora: Cultura Cristã

sábado, 7 de janeiro de 2017

Jesus desceu ao "INFERNO" e tomou as chaves da mão do diabo?


Aonde está escrito na bíblia que Jesus foi ao inferno e tomou as "chaves" das mãos do diabo?


Temos ouvido muitas pregações e teorias sobre este assunto (a descida do Senhor Jesus ao inferno). E muitos tem se convencido, sem examinar as escrituras (Bíblia) profundamente; de que realmente o Senhor Jesus entre sua morte e ressurreição desceu ao inferno e tomou as "chaves" das mãos do diabo.

Quais seriam estas "chaves"? Uns afirmam que essas chaves seriam:

A "chave da morte", outros a "chave do inferno" e os que afirmam ter Jesus tomado as "chaves da autoridade". 

Outros dizem que Jesus foi ao inferno para pisar na cabeça da serpente (referência a Gênesis, quando Deus disse a Eva que seu descendente pisaria a cabeça da serpente). Alguns afirmam que Ele foi resgatar as almas dos santos do antigo testamento, que morreram sem salvação e estavam no inferno.

Há muitas interpretações a esse respeito, mas vamos aos fatos. 

A pergunta é está? Aonde está escrito na bíblia que Jesus desceu ao inferno e tomou as chaves das mãos do diabo?

Os que defendem está teoria baseiam-se em:

"...no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água."  (1 Pedro 3:19-20)

Podemos analisar neste texto que em nenhum momento diz que Jesus desceu ao inferno ou tomou qualquer chave das mãos do diabo. O texto nos diz que Ele, de forma pré-figurada na pessoa de Noé, pregou aos homens que morreram no dilúvio. Neste texto não temos a afirmação de que Jesus desceu ao inferno ou qualquer menção a qualquer chave. 

O texto referente as chaves esta em Apocalipse 1:18 em um outro contexto bíblico e em nenhum momento diz que as chaves da morte e do inferno pertenceram ao diabo ou que o Senhor as tomou de alguém.

"E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno." (Apocalipse 1:18)

Infelizmente quando não examinamos as escrituras com a direção do Espirito de Deus, nos deixamos influenciar por tradições, doutrinas e costumes dos homens, que não tem nada a ver com as verdades bíblicas. 

"Nenhuma interpretação ou doutrina deve ser aceita sem exame. Pelo contrário, tudo deve ser examinado cuidadosamente mediante o estudo pessoal das Escrituras." 

Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. (Atos 17:11)



Fonte: www.pulpitocristaoverdade.blogspot.com.br

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O que é o Batismo com o Espírito Santo no Novo Testamento?



O ASPECTO TEMPORÁRIO DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
 Prof. Moisés C. Bezerril



Introdução

A questão de grande importância que se deve abordar quanto ao batismo com o Espírito Santo é a sua função na igreja cristã primitiva e o significado teológico da expressão batismo com Espírito Santo para a igreja moderna.

Normalmente as pessoas deixam de perceber que a expressão batismo com o Espírito Santo também aplica-se a dimensões e significados específicos para a era apostólica que não estão mais presentes hoje na igreja. Essa falta de conhecimento sobre o assunto tem feito surgir vários movimentos chamados pentecostais que reivindicam a mesma natureza apostólica do batismo com o Espírito Santo para hoje. Neste trabalho pretendo mostrar que o batismo com o Espírito Santo tem quatro significados teológicos, sendo três deles específicos para a era apostólica e um para os nossos dias. São eles os seguintes:

  1. incluir espiritualmente todos os crentes no corpo de cristo por meio da fé;
  2. capacitar os apóstolos, pelo poder do alto, com credenciais apostólicas;
  3. incluir visivelmente gentios no pacto abraâmico por meio de línguas e profecia;
  4. incluir samaritanos distintamente de todos os outros povos na aliança abraâmica.
Destes quatro significados básicos, o 2, 3 e 4 foram apenas para a era apostólica, não se aplicando mais aos dias de hoje, enquanto o significado 1 é o que a igreja vive hoje em dia. Assim, os significados 2, 3 e 4 correspondem ao aspecto temporário do batismo com o Espírito Santo.


Prolegómenos

O sentido mais amplo do batismo com o Espírito Santo no Novo Testamento é o de confirmar a entrada de estrangeiros como povo de Deus na aliança abraâmica. Como o batismo com o Espírito Santo tem função primária de introduzir espiritualmente indivíduos no corpo de Cristo, um grande problema estaria para acontecer quando judeus e gentios fossem contemplados dentro de uma mesma aliança. Desde os dias do Antigo Testamento, Deus já havia prometido fazer de Abraão uma bênção para “todas as nações” (Gn 12:3). Paulo afirma que essa promessa feita a Abraão, também chamada de bênção de Abraão, era o Espírito prometido. A história registrada em Atos é também a história dos gentios recebendo a bênção de Abraão, o Espírito Santo (Gl 3:14). Deus não permitiu os gentios receberem sozinhos o Espírito da aliança abraâmica porque assim surgiriam duas igrejas primitivas. Como só existe uma aliança feita com Abraão, na qual Deus promete dar do seu Espírito a todas as nações, todos os gentios eleitos teriam que entrar pela mesma porta: os apóstolos judeus. A aliança é judaica, feita com Israel desde muito tempo atrás. Deus não criou outra aliança com gentios, mas a mesma aliança abraâmica é, agora, estendida ao mundo pagão. Essa é a razão por que Felipe (At 8: 4-25), após evangelizar os samaritanos, mesmo constatando que eles já tinham fé em Cristo, ainda assim não pôde conferir-lhe o batismo com o Espírito Santo. Neste caso, a expressão batismo com Espírito Santo ou descida do Espírito Santo aqui nada tem a ver com fé.

Os discípulos convertidos pela pregação de Felipe eram crentes genuínos, pois foram batizados no nome de Jesus (Lucas usa a palavra “somente” porque era incomum o batismo em nome de Jesus desacompanhado do batismo com o Espírito Santo). O batismo com o Espírito Santo dos samaritanos significava simplesmente a confirmação visível da entrada dos samaritanos na aliança abraâmica. Isso eles tiveram que receber dos apóstolos, pois os samaritanos já se consideravam um outro povo pactual de Iavé. Como os apóstolos possuíam apostolicidade dada no momento em que foram batizados com o Espírito Santo, eles representavam a aliança abraâmica estendida aos gentios; mesmo que os samaritanos não fossem gentios, ainda assim eram considerados estrangeiros à promessa. A demora em receber o batismo não foi condicionada a nenhum requisito espiritual que faltava aos crentes samaritanos, mas ao cumprimento histórico do derramamento do Espírito para formar todos os povos (pagãos e judeus) em um único povo. Certamente se os samaritanos tivessem recebido “o batismo” do Espírito Santo sem os apóstolos, teriam se tornado mais uma igreja primitiva samaritana rival da igreja cristã apostólica.

A verdade sobre o batismo com o Espírito Santo requer ser compreendida em duas dimensões de significados: no sentido mais estrito, ele significa introduzir pecadores no corpo de Cristo e, consequentemente, na aliança da graça; no seu sentido mais amplo, tal batismo está relacionado com o credenciamento apostólico e com a sinalização histórica da entrada dos gentios e samaritanos no pacto da graça, outrora feito apenas com o povo de Israel. Assim, para uma melhor compreensão, o tema deve ser abordado em duas grandes seções:

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO PARA DESCRENTES

A primeira promessa de João Batista do batismo com o Espírito Santo é feita para os filhos perdidos da casa de Israel, que mesmo sendo judeus haviam se desviado do verdadeiro evangelho, (Mt 3:7-12).

Essa promessa também é feita por Pedro aos descrentes em seu primeiro sermão evangelístico, logo após o evento de pentecostes, no qual ele convida os incrédulos judeus ao arrependimento para receberem “o dom” do Espírito Santo, interpretado pelo próprio Pedro como Batismo com o Espírito Santo,( At 11:15-18). Veja também a interpretação do apóstolo João sobre o Batismo com o Espírito Santo e sua relação com a fé (Jo 7:37-39). O batismo é entendido por todos estes escritores bíblicos como algo condicionado unicamente à fé, e nada mais.

Paulo também tem uma concepção de batismo com o Espírito Santo como uma necessidade essencial para os gentios incrédulos entrarem pela fé no corpo de Cristo. Em Atos 19:1-7, ao perguntar se os discípulos de Éfeso tinham recebido o Espírito Santo “quando creram”, o apóstolo entendia que a fé era o único elemento autenticador do Batismo com o Espírito Santo, bem como sua condição. A ausência do Espírito coincidia com a ausência de fé. Essa teologia é confirmada por Pedro em Atos 11:17, pela expressão quando cremos no senhor, quando trata da conversão de um gentio.

Em que sentido, pois, os não crentes são batizados com o Espírito Santo? A resposta a essa pergunta é: em seu sentido ordinário e permanente.

Esse sentido de confirmar a entrada de pecadores na aliança feita com judeus ainda é válido nos nossos dias. Quando uma pessoa ouve o evangelho e se arrepende em fé, ela é introduzida no corpo de Cristo, (1 Co 12:13); recebe o Espírito prometido a Abraão ou batismo com o Espírito Santo (Gl 3:14), tornando-se participante da mesma aliança feita com judeus (At 11:18). Assim, o zambujeiro é enxertado na oliveira boa. Receber o Espírito hoje é confirmado pelos frutos de arrependimento e fé. O batismo com o Espírito Santo é o meio que Deus determinou introduzir os filhos da promessa no pacto da graça (1 Co 12:13). Portanto, quando usamos a expressão batismo com o Espírito Santo estamos falando da nossa regeneração e conversão a Cristo.

Entende-se por esses registros bíblicos que o batismo com o Espírito Santo era a necessidade vital para judeus e gentios incrédulos entrarem no corpo de Cristo por meio da fé. Isso significa que fé e batismo com Espírito Santo coincidem e se confirmam mutuamente. Neste primeiro momento, a função do batismo com o Espírito Santo é introduzir espiritualmente pela fé pecadores no corpo de Cristo (1 Co 12:13) da mesma forma como o batismo com água introduz visivelmente incrédulos na igreja visível.
O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO PARA CRENTES

O batismo com o Espírito Santo não foi uma realidade prometida somente para os incrédulos. Jesus prometeu o batismo com o Espírito Santo aos seus apóstolos, os quais já eram crentes, (cf. Lc 24:49; At 1:2-5). O batismo com Espírito Santo prometido foi experimentado pelos samaritanos que também já eram crentes (At 8:12-13). É claro que a função do batismo com o Espírito Santo para os crentes não era a de introduzi-los no corpo de Cristo pela fé, pois isso já tinha acontecido quando creram. Em que sentido, pois, os apóstolos e os discípulos crentes foram batizados com o Espírito Santo? A essa pergunta podemos responder: em seu sentido extraordinário e temporal, que são:

1) O sentido de conferir apostolicidade aos apóstolos

Neste sentido, Cristo prometeu “poder do alto” aos apóstolos, e não conversão, pois eles já eram crentes. Essa ideia é registrada por Lucas (Lc 24:49) e confirmada por ele como Batismo com o Espírito Santo (At 1:2-5). No desenrolar da história da igreja em Atos, podemos perceber que os apóstolos e os evangelistas que estavam com eles detinham “poder” para realizar prodígios (At 8:4-8), mas somente os apóstolos detinham apostolicidade para “dar o Espírito Santo” tanto a judeus quanto gentios, quer fossem crentes ou incrédulos, (At 8:14-18). É notável que, depois do evento de pentecostes, não existe nenhum episódio de recepção do batismo com o Espírito Santo sem que seja por intermédio dos apóstolos. Os apóstolos eram o canal inicial pelo qual o Espírito tinha que fluir para judeus e gentios. Como fundamento da igreja e depositários da fé da nova aliança, os apóstolos eram o recipiente do batismo com o Espírito Santo que deveriam fundar a igreja de Cristo. Essa apostolicidade pode ser percebida nas credenciais que Paulo reclama para si por meio de sinais, prodígios e poderes (o que faz lembrar as palavras de Jesus “poder do alto”) (2 Co 12:12).

O sentido de apostolicidade não é mais contemplado hoje em dia pela igreja de Cristo. Constitui, pois, um massivo erro o tentar considerar o batismo com o Espírito Santo hoje como “um enchimento de poder”, credencial apostólica prometida somente aos apóstolos (At 1:2-4).
O sentido de validação do chamado histórico dos gentios à aliança abraâmica por meios visíveis das línguas e profecia

É bem verdade que, para que haja inauguração de aliança, é necessário que ela seja confirmada. Quando Deus inaugurou a nova aliança entre os homens, ele começou com os judeus, antigo povo da aliança abraâmica. Dentro dos planos divinos, aprouve a Deus iniciar a nova aliança com judeus e depois estendê-la aos gentios. Se Deus tivesse simplesmente pulado da antiga aliança com os judeus para uma nova aliança com os gentios, os judeus jamais reconheceriam a aliança gentílica como válida. Era necessário, pois, que as cláusulas confirmadoras da aliança judaica fossem as mesmas da aliança gentílica; do contrário, não haveria provas de que a aliança com Abraão era a mesma oferecida ao gentios. Para isso, Deus programou um plano cronológico de pregação do evangelho para validar a nova aliança no meio de dois povos diferentes.

Primeiro, enviou João Batista e Jesus para inaugurar a nova aliança somente com a casa de Israel. Certamente os judeus deveriam experimentar a mesma realidade da nova aliança que os gentios experimentariam mais tarde, com os apóstolos. O fruto do trabalho de Jesus foram apenas doze apóstolos e poucos discípulos. Jesus diz aos apóstolos que o Espírito Santo continuaria a mesma obra que Jesus havia começado, e que não faria nada diferente do que já estava posto por ele (Jo 16:13-15). Os apóstolos apenas dariam continuidade à obra que Jesus começou (pregação do reino) no poder do Espírito Santo. É por essa razão que Deus deu o dom da apostolicidade: eles foram os únicos escolhidos para fundar a igreja de Cristo a partir de dois povos. Mas como provar para judeus e gentios que a aliança feita com gentios era a mesma dos judeus? Como provar para judeus e gentios que o Espírito prometido a Abraão era o mesmo que estava sendo dado a ambos os povos? A reposta a essas perguntas é: por meio de línguas e profecia.

O batismo com o Espírito Santo e línguas

A esta altura, já entendemos que a expressão batismo com Espírito Santo coincide com fé. Onde há fé há o Espírito. Entendemos também que o batismo com Espírito Santo tem mais de uma função na história do cristianismo apostólico. É possível afirmar com dados bíblicos, por enquanto, que todos os que são batizados com o Espírito Santo necessariamente têm fé, mas, ao mesmo tempo, os que têm fé não possuem os mesmos carismas operados pelo batismo com o Espírito Santo, tendo em vista que Deus opera funções múltiplas ao dar o seu Espírito aos crentes. Vejamos a relação das línguas com o Batismo com o Espírito Santo.

Existem apenas três episódios de línguas relacionados com o Batismo com o Espírito Santo. É incorreto considerar as línguas como evidência de tal batismo, tendo em vista que os samaritanos não falaram em línguas (os samaritanos não são gentios, adotavam o Velho Testamento como Escrituras deles). Nesse caso, se as línguas fossem evidência do Espírito prometido a Abraão, os samaritanos continuariam sendo rechaçados pelos judeus, pois não possuíam a evidência do acolhimento no pacto abraãmico. Paulo não ensina em lugar nenhum que línguas são a evidência do batismo, e considera que nem todos possuiriam as línguas (1 Co 12:29-31).

Outra peculiaridade das línguas em Atos é que elas só ocorrem na presença de gentios e judeus. Isso se dá pelo fato das línguas corresponderem a um sinal de inclusão dos gentios na aliança abraâmica. Durante três mil e oitocentos anos, o evangelho só era conhecido na língua de Israel. Por todo este tempo, Deus não houvera se revelado em nenhuma outra língua no mundo. Esse era o sinal de que a aliança abraâmica, por enquanto, só contemplava judeus (Rm 9:1-5). O evangelho só veio a ser universalizado a partir de pentecostes, quando idiomas gentílicos (dialekto) foram contemplados com a palavra inspirada (profecia) que, até então, o Espírito de Deus só dava à aliança feita com Israel. Com a universalização do evangelho, todas as cláusulas da antiga aliança deveriam ser entregues nas línguas dos gentios, como o Espírito fazia no Antigo Testamento (“assim diz o Senhor”). Essa mesma fórmula é encontrada no dia de Pentecostes, quando Lucas escreve “passaram a falar noutras línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. Os gentios agora tinham os oráculos de Deus em suas próprias línguas. Israel tinha perdido o monopólio da revelação. Deus agora se revela aos gentios em suas línguas.

Quando o batismo com o Espírito Santo ocorre acompanhado de línguas no Novo Testamento, representa duas verdades novas para os dias na nova aliança: primeiro, é que pelo batismo, os gentios estão entrando na aliança abraâmica; segundo, é que as línguas confirmam que a revelação agora é compartilhada com outras nações – o evangelho não pertence mais a Israel. Deus está tão interessado em outros povos que o Espírito dá a revelação em outras línguas. Essa é a razão porque em um livro tão vasto de história da igreja as línguas acontecem tão pouco. O propósito das línguas, então, era apenas o de confirmar visivelmente a entrada dos gentios na nova aliança. Quando os judeus vissem gentios em variedade de línguas falando “as grandezas de Deus”, que outrora só pertenciam a Israel, logo ficariam convencidos de que “também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida” (At 11:18). Essa confirmação por meio de línguas não era apenas para judeus; todos os gentios deveriam descansar na evidência das línguas que Deus não tem mais uma única nação contemplada como seu povo. As línguas confirmam que o batismo com o Espírito Santo é a entrada de todas as nações no pacto da Graça. As línguas constituem, assim, um sinal de bênção para os gentios, mas ao mesmo tempo um sinal de maldição para Israel, pois esse antigo povo do pacto perdeu o direito de povo exclusivo da aliança.

Uma peculiaridade que ainda devemos levantar sobre as línguas é que sendo o seu nome “variedade de línguas” (1Co 12:10), no livro de Atos não há interpretação das mesmas, enquanto que na igreja de Corinto era proibido o uso de línguas sem interpretação, (1 Co 14:28). A pergunta que normalmente é feita é, por que em Atos as línguas funcionam sem interpretação, e em Corinto tem que haver intérprete? A resposta é que fora da igreja as línguas constituem um divisor de águas. No dia de Pentecostes, as línguas não foram entendidas por todos; alguns acharam que os discípulos estavam bêbados, ou seja, não entendiam as línguas faladas por eles. Quando as línguas não são entendidas é porque tais pessoas estão sendo preteridas (rejeitadas) pela graça. Jesus deixou muito claro que o fato das pessoas não entender suas parábolas era porque “… a estes não é dado conhecer os mistérios do reino” (Mt 13:11). Essa é a natureza primária do dom de línguas: sinal para os incrédulos (1 Co 14:22). Paulo refere-se ao cativeiro dos judeus incrédulos no Antigo Testamento, que foram arrastados à prisão por um povo de “língua estranha”, e usa esse exemplo histórico como princípio para falar da natureza das línguas não interpretadas. Isso significa que o uso de línguas sem interpretação é o mesmo que maldição para os que ouvem, pois ouvir sem entender é ser rejeitado pela graça. Como a igreja é a reunião dos escolhidos, seria uma contradição o uso de um dom que sinalizava a condenação da própria igreja. Línguas como sinal de maldição para incrédulos não deveria ser usado na igreja, a não ser que fossem interpretadas e transformadas em ensino, profecia, revelação ou conhecimento (1 Co 14;6).

O Batismo com o Espírito Santo e profecia

A profecia só é encontrada explicitamente relacionada ao batismo com o Espírito Santo em Atos 19:1-5. Podemos deduzir léxicamente que em Atos 2:4, a ideia de profecia também está presente na expressão “conforme o Espírito concedia que falassem”. Este último verbo – “falar” – é a tradução da palavra grega “falar inspirado”, o que indubitavelmente corresponderia à profecia; o que os discípulos falaram em outras línguas era exatamente aquilo que o Espírito falava. Somente em Atos 10:46 não há nenhuma indicação clara de profecia acompanhando o batismo com o Espírito Santo; encontramos apenas a vaga expressão de que eles engrandeciam a Deus. Mas, à luz dos outros textos citados, e levando-se em conta que Cornélio era gentio, podemos supor que ali também aconteceu um fenômeno profético. Por que então o batismo com o Espírito Santo era acompanhado de profecia? A resposta para essa pergunta tem a ver também com a resposta dada às línguas: a profecia era elemento de confirmação de que a aliança inaugurada entre os gentios tinha o mesmo valor da antiga aliança abraâmica inaugurada com judeus.

O apóstolo Paulo reconhece que a revelação da glória, das alianças, da legislação, do culto e das promessas, só foi dada a Israel; nenhum povo além de Israel recebeu qualquer luz da revelação divina informada dentro de um pacto. Incrivelmente o contrário estava acontecendo em Pentecostes: uma aliança é inaugurada com povos que não eram povo de Deus. Como seria possível provar para judeus e gentios que aquela aliança era genuína como foi com os filhos de Abraão no Antigo Testamento? Tal aliança só seria levada em conta se os apóstolos, judeus e gentios, pudessem ver Deus se revelando aos gentios por meio da profecia, pois profecia era o canal de comunicação das cláusulas de todas as alianças que Deus já fez com o homem. É exatamente isso que aconteceu com Pedro, o apóstolo que tinha dúvida da validade da aliança com os gentios. Pedro tinha dificuldade em acreditar que Deus tinha chamado gentios à aliança abraâmica. Somente depois de constatar que Cornélio (gentio) participou do mesmo fenômeno profético de Pentecoste, foi que ele afirmou: “… quem era eu para que pudesse resistir a Deus” (At 11;15-18). Portanto, para um judeu, o falar profeticamente constitui elemento pactual conhecido apenas de Israel. Se a nova aliança feita com gentios contém os mesmos elementos pactuais que antes foram dados apenas a Israel, isso é sinal de que Deus ampliou, de fato, sua graça. Ninguém pode negar. Essa é a razão pela qual na inauguração da nova aliança a profecia foi dada em línguas gentílicas (At 2) e os gentios profetizaram (At 10 e 19). A prova incontestável para o mundo inteiro de que Deus expandiu sua graça de Israel para todas as nações é que os gentios experimentaram daquilo que era privilégio apenas da nação judaica. As línguas e a profecia estão registradas acompanhando o batismo com o Espírito Santo para provar que a entrada para o céu não pertence mais a um povinho do oriente médio, e sim que a graça de Deus agora é sem fronteira.

3) O SENTIDO DE INTRODUZIR OS SAMARITANOS NA ALIANÇA ABRAÂMICA

De todas as ocorrências do Batismo com o Espírito Santo, o caso dos samaritanos é a mais distinta. O primeiro problema com os samaritanos é que o Batismo com o Espírito Santo em Samaria não significou credenciamento apostólico, nem confirmação de inclusão gentílica no pacto abraâmico, nem mesmo conversão. Os samaritanos creram no evangelho, receberam o Espírito regenerador, mas tiveram que esperar pelos apóstolos para serem batizados com o Espírito Santo no sentido de serem introduzidos historicamente no pacto abraâmico. Curiosamente, os samaritanos não falaram línguas e nem profetizaram porque eles não eram gentios, apenas estrangeiros. Como vimos anteriormente, línguas e profecia acompanham historicamente o batismo com o Espírito Santo apenas dos gentios nos únicos casos de Atos 2, 10 e 19.

Alguns sugerem que o sinal visível do batismo com o Espírito Santo entre os samaritanos (Atos 8) teria sido o fenômeno das línguas ou profecia. Essa ideia deve ser rejeitada por dois motivos: quanto às línguas, não pode ser porque os samaritanos não são gentios, mas judeus mistos (2 Rs 17:24-41), que continuaram com práticas judaicas misturadas a crendices pagãs. Durante toda a história eles aparecem reivindicando sangue judeu e a aliança abraâmica ainda foi lembrada por Deus em favor deles. Já no Novo Testamento eles receberam de Jesus a mesma atenção e tratamento dado aos judeus, inclusive estendendo seu ministério entre os samaritanos (Lc 10:29-37; 17:16-18; Jô 4:1-42); o mesmo não aconteceu aos gentios, (Mt 15:21-28), pois esses só tiveram contato com o evangelho depois da confirmação da aliança abraâmica no dia de Pentecostes. Jesus não considerou os samaritanos como gentios, pois os usou como exemplo para os judeus (Lc 10:29-37) e os chamou de “estrangeiros” (Lc 17:18), e não de cachorrinhos. Quanto à profecia, é impossível porque os samaritanos dos tempos de Jesus não diferiam dos judeus quanto aos grandes temas teológicos dos israelitas, identificando-se especialmente com os saduceus. Eles esperavam o Messias (Jo 4:25) e possuíam o Pentateuco Samaritano; a única diferença era que eles não partilhavam dos escritos proféticos. Sendo assim, o batismo com o Espírito Santo não precisaria confirmar que Deus estava dando aos samaritanos suas verdades reveladas que dera aos judeus, pois eles já possuíam desde há muito tempo.

Como, pois, confirmar a entrada de um povo que não é gentio na aliança abraâmica? A resposta é que ninguém sabe qual foi o elemento visível comprobatório de que eles foram batizados com o Espírito Santo a ponto de ser notado por todos os que estavam ali naquele dia. A verdade é que Deus usou um outro sinal visível que sinalizou para judeus e samaritanos que o pacto abraâmico foi estendido a eles também. Isso torna a entrada dos samaritanos no pacto distintamente dos gentios.

Conclusão

O batismo com o Espírito Santo para crentes não existe mais. A função do batismo com o Espírito Santo que vai além de introduzir incrédulos pela fé no pacto da graça não cabe no cenário eclesiástico moderno. O batismo com o Espírito Santo de pessoas crentes foi um marco na história da redenção e do cristianismo apostólico, que tinha em vista registrar na Palavra de Deus a verdade de que a promessa abraâmica foi cumprida, e que hoje todos os povos são bem vindos à graça de Deus.


por Moisés Bezerril
Fonte: BÍBLIA, LÍNGUA E LITERATURA

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O texto de Deuteronômio 30:19-20 prova o tal "livre arbítrio"?


Para a teologia arminiana o livre arbítrio é a capacidade de escolha contrária e isenta (que não está sujeita a um dever ou obrigação). O dr. Olson diz que: "O livre-arbítrio, destruído pela queda, é restaurado por Cristo e pelo Espírito de Deus que opera por meio da Palavra". [1] Mas antes de entrar no texto que está no título do artigo, quero fazer algumas observações no significado de livre arbítrio descrito acima: 

- "o livre arbítrio é a capacidade de escolha contrária e isenta...": A escolha Humana nunca será contrária a sua vontade. A vontade do Homem natural é de fazer a vontade de seu pai, como disse Jesus (João 8.42-44). Logo, já não é isenta. A pessoa é sim, obrigada, a fazer a vontade daquele que lhe subjuga. Como descreve João 8.42-44 que se eles fosse filhos de Deus amariam a Jesus e creriam nEle, mas como são filhos do diabo fazem aquilo que o diabo gosta! 
- "O livre-arbítrio, destruído pela queda, é restaurado por Cristo e pelo Espírito de Deus que opera por meio da Palavra": Soa meio estranho para o que disse Jesus. João descreve em 12.37-40 que Jesus fazia sinais entre eles mas que eles não criam e Jesus, mas que isso era para se cumprir o que disse Isaías "Cegou os seus olhos e endureceu os seus corações, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure". João 12:40 (Atos 28.26). Segundo a explicação do tal dr., que com a pregação da Palavra o Homem tem de volta ( como diz o hino "eu quero de volta o que é meu... restitui) o seu livre arbítrio. Mas como provei acima que tal argumento é uma falácia, veja este outro exemplo que as Escritura nos mostra em Mateus 11.25-27 que diz que, Jesus fazia a maioria dos seus milagres (v.20 - NVI) entre três cidades e que nenhuma delas não cria em Jesus e nisto elas são condenadas, mas o texto mostra que Deus não quis revelar a elas porque foi do agrado do pai (v.26) e Jesus complementa dizendo que o Filho revela "aqueles a quem o Filho o quiser revelar." (v.27). 

Mas voltando ao texto de Dt 30.19, mostrarei que tal versículo não apoia a doutrina do livre arbítrio. Antes abordar uma doutrina em um único versículo, temos que ter a plena consciência de que se o contexto aprova tal pensamento. 

O texto de Dt. 30.19 é um convite, "hoje invoco os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de que coloquei diante de vocês a vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora escolham a vida, para que vocês e os seus filhos vivam." Uma resposta positiva a este convite só poderia vir após uma regeneração (segundo a ordos salutis reformada). Como? Voltemos a alguns versículos antes do verso 19. No capitulo 29.4 Moisés diz o porquê do povo não entender o que o Senhor Deus fez no meio deles, "mas até hoje o Senhor não lhes deu mente que entenda, olhos que vejam, e ouvidos que ouçam." Mas já no capitulo 30.6 Moisés diz que o Senhor Deus fará algo neles para que amem ao Senhor, e "o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas". 

Observe, pelo menos, duas coisas contida no verso 6. Deus circuncidará o coração daquele povo para amarem o Senhor e para que vivas. Mesmo que não esteja na ordem da observação os versos 19 e 20 mostram justamente isso. Verso 19 diz para eles escolherem "a vida, para que vocês e os seus filhos vivam" e no verso 20 diz "para que vocês amem o Senhor" Dt 30.20a. 

Ou seja, Deus está mostrando que aqueles que escolherão a vida e que amarão ao Senhor são aqueles que Deus circuncidou o coração. 



Nota: 
[1] Olson, História da teologia cristã, pg 433

O Reino Milenial de Cristo

Haverá verdadeiramente um reino milenial depois que Cristo voltar? (Expondo as verdades da doutrina Amilenista) Apocalipse 20:1-1...