sábado, 3 de dezembro de 2016

12 perguntas a fazer antes de postar na internet


Eu quero oferecer 12 breves perguntas para que você faça a si mesmo. Você pode pensar nelas como luzes indicativas, do tipo que um piloto verifica antes de decolar.

1) Edificará? Ou informará significativamente uma conversa útil? (1 Coríntios 14:26; Marcos 12:29-31)


Tente pensar no que edificará os outros. Tudo o que fazemos deve obedecer ao mandamento de amar a Deus e aos outros. Como isso aumentará o conhecimento, a fé ou o amor deles? Você está apresentando com precisão qualquer posição que discorda? Quão seguro estou de minhas informações? Esperamos que as trivialidades preencham menos de nossas vidas do que o fazem na internet. John Piper disse que “Uma das grandes utilidades do Twitter e Facebook será provar no último dia que nossa falta de oração não foi por falta de tempo!”. Ele tem razão.

2) Será facilmente mal compreendido? (João 13:7, 16:12)


A privacidade de uma conversa pessoal limita a má compreensão. Nos lugares públicos, algumas coisas soarão de uma forma para aqueles que nos conhecem e de outra para aqueles que não nos conhecem. Avaliações negativas são muitas vezes melhor compartilhadas em privado ou não compartilhadas de modo algum. Quantos de nós aprendemos em nossos locais de trabalho que e-mail é uma maneira terrível de compartilhar qualquer tipo de comentários negativos? E, pensando especialmente em postagens públicas, pergunte a si mesmo: há razões pelas quais eu não posso ser uma boa pessoa para falar sobre determinados assuntos?


3) Alcançará o público certo? (Marcos 4:9)


Se você estiver corrigindo alguém, a audiência para essa correção deve ser mais ampla ou mais limitada? Essa audiência é corrigível? Quando usar uma rede social, considere quem está ouvindo o que você está dizendo. E se todos nesse lugar viessem a escutar por acaso as suas conversas após o serviço hoje? Ainda assim, fazemos isso todo o tempo na internet.

4) Ajudará em meu evangelismo? (Colossenses 1:28-29)


O que você está prestes a comunicar ajuda ou dificulta aqueles que você está evangelizando? É provável que isso diminua a importância (para eles) do seu compromisso com o evangelho ou a engrandece?

5) Provocará controvérsia desnecessária e inútil? (Tito 3:9)


Pense cuidadosamente sobre controvérsia. A linha que separa o compartilhamento vigoroso de ideias e uma espécie de guerra social, às vezes, é mais fina do que podemos imaginar. Em que essa controvérsia particular que eu gostaria de estar contribuiria para o bem? Quando ela é inútil? Quanto tempo durará? Trata-se de uma questão fundamental inevitável ou de uma questão sobre a qual o desacordo é um tanto quanto sem importância? Será que esta controvérsia levará a qualquer outra divisão que ameace a unidade da nossa igreja local?

6) Envergonhará ou ofenderá? (1 Coríntios 12:21-26)


Alguém será envergonhado ou ofendido pelo que você está dizendo? Eu entendo que o mero fato de que algo é ofensivo não significa que dizê-lo é errado, mas simplesmente que nós devemos ter certeza de que a ofensa é digna disso.

7) Comunicará cuidado? (1 Coríntios 12:21-26)


Será que os principais interessados apreciarão os seus motivos? Privacidade na comunicação transmite cuidado e honra a pessoa que recebe a informação. Você gosta que a prescrição do medicamento por seu médico seja algo privado; mas você não se importa que a venda na loja seja anunciada. Se alguém preferir ser abordado pessoalmente, por que não fazê-lo?


8) Fará com que pessoas estimem melhor alguém? (1 Coríntios 12:21-26)


Ressalte a graça de Deus na vida, ministério e argumentos, etc., de outros. Destacar algo que edificará a estima de outros por alguém glorifica a Deus e encoraja os outros a verem a sua obra neles.

9) É jactância? (Provérbios 27:2)


O que você comunica na internet chama a atenção para si mesmo mais do que para o seu assunto? Como isso pode ser espiritualmente prejudicial para você ou para outros? Isso deixará as pessoas com uma compreensão mais exata de você? Está simplesmente sendo tentado a chamar a atenção para si mesmo ou para o que você sabe? Quando foi a última vez que incitou outros por compartilhar algo embaraçoso ou mesmo pecaminoso acerca de si mesmo?

10) O tom é apropriado? (2 João 1,12; Colossenses 4:6, Efésios 4:29, 2 Timóteo 2:24-25)


As pessoas entenderão e serão encorajadas pela verdade que você compartilha? Quão importante é que o tom de sua mensagem seja corretamente compreendido? Isso é claramente bondoso, paciente e gentil? O tom exato de sua voz e a feição em seu rosto indicam muito do que você quer dizer. Em uma conversa pessoal, você pode entender mais rapidamente que algo precisa ser explicado e o esclarece. A internet não santifica a ira ou frustração.

11) É errado não dizer nada? (Romanos 1:14)


Você tem uma oportunidade ou mesmo uma responsabilidade de comunicar algo? Alguns de vocês fazem isso devido ao seu trabalho. Você estabeleceu um “relacionamento” com leitores, amigos e seguidores na internet, de modo que eles esperam que comente sobre um determinado assunto ou situação? Nossa liberdade de expressão é uma mordomia maravilhosa! Queremos usá-la de forma boa e responsável. Eu suponho que existem até mesmo alguns trabalhos que não valem os sacrifícios que eles demandam, não existem?

12) O que os outros aconselham? (Provérbios 11:14; 15:22; 24:6)


Quando você está prestes a comunicar algo que sabe que os outros acharão provocativo, você tem bons alertas sonoros para tentar ajudá-lo a ponderar sobre a resposta? Você dedica tempo para considerar antes de publicar? A velocidade de resposta é tanto uma possibilidade da internet quanto uma tentação para falar muito rápido (o que contraria Tiago 1.19; Provérbios 10.19, 14.29, 16.32, 17.27). Lembre-se, você prestará contas por cada palavra que você digita (Mateus 12.36). Será que dizer coisas a uma “distância segura” das pessoas nos tenta a falar o que não diríamos diante de sua face?

Talvez você possa escrever estas perguntas e pedir a um amigo que observe suas redes sociais com essas preocupações em mente. Ou ainda, pergunte a alguém que discorda de você em algum assunto que postou ou escreveu e veja o que ele dirá. Dessa forma, muitos de nós podemos ser capazes de melhorar o nosso cuidado. Você pode imaginar quanto cuidado os apóstolos tiveram ao escrever as suas cartas?


terça-feira, 29 de novembro de 2016

A Origem das Tragédias Humanas


A bíblia está cheia de relatos de tragédias humanas. Homens de Deus, gente que “escreveu” bíblia, apóstolos, homens e mulheres, ricos e pobres. Ninguém está isento delas. Um dos relatos mais dramáticos e angustiantes está registrado no livro de Jó que assistiu, passivamente, a transformação de sua vida em caos total e absoluto, da noite para o dia. Desgraça sobre desgraça. Mal sabia de uma má notícia outra pior ainda chegava aos seus ouvidos. Perda de bens materiais, perda de filhos, tumores malignos (câncer) supurando dia e noite. Cacos de telhas eram seus únicos companheiros, com os quais se raspava na esperança de ver sua pele em meio às feridas fétidas. Salmistas que entraram em depressão profunda por conta de graves problemas de saúde e financeiros (Salmo 73). Irmãos vendendo irmãos como escravos, irmãos matando irmãos. Terras fendendo e engolindo pessoas vivas. Deslizamentos ceifando centenas de vidas. Fogo, saraiva; pessoas queimadas vivas; terremotos, maremotos; apóstolos apedrejados, diáconos mortos de forma horrenda. Poderíamos relatar dezenas de fatos como esses. Gente como eu e você. 

Os vídeos abaixo mostram umas dessas tragédias humanas. Poderia ter acontecido com qualquer um e em qualquer lugar. As imagens são impressionantes, porém julgamos necessário mostrá-la para dar ideia da dimensão do que estamos abordando aqui: 

Tragédia do avião que levava o time do Chapecoense

O surto de EBOLA na África

Tragédia em Mariana-MG

Tragédia na Boate KISS

Você pode estar passando por uma dessas tragédias também. Talvez pior que essas. Certamente uma pergunta não para de ecoar em sua mente, em seu coração: Por que tudo isso está acontecendo? De quem é a culpa? de Deus? de Satanás? Minha? Sua? 

Para entender a origem das tragédias humanas iremos nos reportar para onde tudo começou. Para a gênese do mundo, do homem e também de suas tragédias. 

O livro de Gênesis registra a sentença de Deus sobre o representante legal da raça humana, depois de sua desobediência: 

E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gênesis 3:17-19)

A expressão CARDOS E ABROLHOS é muito significativa. Caio Fábio, em um interessante livro intitulado “Os espinhos da vida, vivenciando as tragédias da alma”, diz que essa expressão: 

Significa que Deus deu uma sentença: "de hoje em diante nascerão cardos e abrolhos", prevendo uma tragédia universal em função do pecado do homem. Não apenas um fato ligado aos vegetais porque estes surgiram como mutações posteriores; surgiram em função de todos estes efeitos tremendos que vêm de irradiações desde o sol, e que mudaram a nossa atmosfera. Estas mudanças entraram em choque e geraram estas espécies que caracterizaram a queda do homem em tragédias sem fim. São os cardos que simbolizam toda a tragédia da humanidade. Simbolizam as crises nas quais os homens estão envolvidos, e os espinhos que surgiram no mundo, os espinhos biológicos, são os predadores, são as anomalias, são as doenças congênitas. Estes são os espinhos da carne, os espinhos da vida biológica, conforme: 


Como fica claro, a expressão “CARDOS E ABROLHOS” não significa, somente, espinhos vegetais, antes, metaforicamente, significa todas as dores, todos os dissabores, todos os traumas, todas as agonias, todas as mazelas e desilusões sem fim que o homem pode e está, certamente, sujeito a sofrer neste mundo. 

O comentário da Bíblia de Estudo de Genebra sobre essa sentença punitiva de Deus sobre o homem ao amaldiçoar a terra (Gênesis 3:17), afirma que “o relacionamento natural do homem com a terra, dominando sobre a mesma, é revertido, ao invés de se submeter a ele esta resiste a ele e, finalmente, o engole”. Esse é o trágico desfecho dos CARDOS E ABROLHOS

Vivemos numa terra que jaz sobre a maldição de Deus. Não é de admirar todos os desmoronamentos físicos e psíquicos, catástrofes naturais, perversões sexuais e crimes hediondos que vemos e que estamos constantemente sujeitos, como vítimas e como agentes ativos. 

Em última análise, todo o mal que acontece na Terra é por culpa do próprio homem que resolveu, livre e acintosamente, desobedecer a Deus, atraindo para si e para sua posteridade morte e dificuldades. Essa culpa não é somente do primeiro homem (Adão). Certamente sentimos o DNA da rebelião contra Deus correr em nossas veias. Quanto descaso, quanto desprezo. Na verdade não queremos saber de Deus, não é? É incrível como queremos ainda receber Dele coisas boas! 


A pergunta 27 do Catecismo Maior de Westminster, levanta a seguinte questão: 

27) Qual foi a desgraça que a queda trouxe à humanidade? 
Resposta: A queda trouxe à humanidade a perda da comunhão com Deus, sua reprovação e maldição; Por isso é que somos por natureza filhos da ira, escravos de Satanás e DIGNOS DE TODA A SORTE DE CASTIGOS NESTE MUNDO E NO QUE HÁ DE VIR.

É um milagre ainda termos alguma alegria. É um milagre ainda termos momentos de paz, segurança e saúde. Certamente não os temos por merecimento. Nosso coração decaído sequer lembra de agradecer a Deus por eles. Graça pura, pura graça, que por definição é favor não merecido. Por merecimento apenas teríamos dores intensas e desespero eterno. Ninguém pode dizer "eu não merecia". Todos nós merecemos as mais absurdas calamidades. Sabemos disso em nosso íntimo. Como bem diz o profeta “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos”.


Fonte: www.filosofiacalvinista.blogspot.com.br

sábado, 12 de novembro de 2016

O rei de Tiro e satanás, são a mesma pessoa ou não?


O rei de Tiro descrito no livro de Ezequiel capítulo 28 é Satanás?

O Contexto histórico e cultural de Tiro


A cidade de Tiro é hoje Es-Sur, um pobre povoado libanês, habitado por pescadores. Foi em tempos antigos uma cidade fortificada da Fenícia, apelidada por alguns historiadores como “a Veneza da Antiguidade”. Sua origem remota no tempo pode ser atestada através de citações em Heródoto, historiador grego que situa sua fundação em 2700 a.C, e nas “Cartas de Amarna” (“Cartas de Amarna” é a designação dada a um conjunto de tabuinhas em escrita cuneiforme encontradas em Amarna, uma das várias capitais do Egito Antigo. Faziam parte do arquivo de correspondência do Egito com os seus reis vassalos e governadores de Canaã e datam dos reinados de Amen-hotep III e de Amen-hotep IV - mais conhecido como Akhenaton. A maioria delas foi escrita em acádico, a língua diplomática da época.) Nessas cartas há relatos de que durante o período de Amen-hotep III, o chefe local de Tiro escreveu a este faraó delatando traições de cidades vizinhas e solicitando auxílio contra o amorreu Aziru e contra o rei de Sidom. Com o declínio do Egito, Tiro se tornou independente e até mesmo recebeu refugiados sidônios que fugiram para a ilha. Nos relatos bíblicos, Tiro é mencionada brevemente nas conquistas de Josué e, mais tarde, no período da monarquia unida, principalmente durante a construção do Templo de Salomão, com a qual contribuiu fornecendo materiais e mão de obra especializada. 

Expulsos da Palestina e Síria, principalmente por causa da invasão de suas cidades pelos poderosos filisteus que dominavam a tecnologia do ferro, no XIII e XII séculos a.C, os fenícios concentraram seus esforços para o lado do mar e se tornaram os maiores marinheiros e comerciantes de todos os tempos, em relação ao mundo conhecido. Após se estabelecerem em Tiro, aventuraram-se pelas águas do Mediterrâneo fundando colônias na costa e ilhas vizinhas do Mar Egeu, na Grécia, na costa Norte da África, em Cartago, na Sicília e na Córsega, na Península Ibérica e até mesmo para além dos Pilares de Hércules, em Gadeira. 

Durante o século XI a.C, a economia de Tiro experimentou uma mudança radical, da cultura agrária para o mercantilismo, mas não se sabe se isto é devido às relações comerciais com Israel ou a algum tipo de vantagem que obtiveram delas. É fato, porém, que Tiro se tornou famosa na antiguidade pela produção de certa tintura púrpura bastante rara, extraída de um molusco conhecido como múrice. O nome Fenícia pode ter se originado desse comércio, pois phoinix, quer dizer “vermelho” ou “púrpura”. A cor púrpura era reservada em várias culturas dos tempos antigos para a realeza e nobreza, o que deve ter favorecido a valorização do produto fenício. Além da tintura, os mercadores satisfaziam os caprichos do mundo então conhecido com tapeçarias exóticas e bordados delicados provenientes de portos comerciais espalhados por rotas que somente eles conheciam. Os metais também contribuíram para a emergência comercial de Tiro. Os fenícios estabeleceram um grupo de tarshishes, isto é, “fundições ou refinarias” em várias colônias, particularmente no sudoeste da Espanha, região célebre pela presença de minérios, e na Ilha de Chipre, que continha preciosas minas de cobre. Desde os tempos remotos, os tírios eram conhecidos por sua aptidão para toda a obra artística em cobre e metal amarelo.

O nome Tiro significa “rocha”. A cidade era composta de duas partes distintas: uma fortaleza rochosa, chamada de “Antiga Tiro”, situada numa pequena ilha a quase um quilômetro da costa do Mediterrâneo e um povoado na costa principal da Fenícia. O canal que separava as duas partes da cidade também servia para ligar dois importantes portos: o porto sidônio a nordeste e o egípcio ao sul. Essa localização geográfica estratégica permitiu a Tiro resistir aos impérios mais poderosos que passaram pela Palestina, mantendo uma relativa independência. Os monarcas assírios sempre a desejaram, alguns conseguiram até mesmo fazer com que lhe pagasse tributos para que parassem de atacá-la e Assurbanipal chegou a subjugá-la por um período de tempo, tomando seu lado continental. Com o declínio do Império Assírio, Tiro se rebelou, recuperando muito de sua autonomia e de seu antigo comércio marítimo. Em 588, o faraó Hofra atacou sem muito sucesso a Tiro e Sidom. Nabucodonosor sitiou Tiro por treze anos seguidos e não conseguiu tomá-la, apesar de posteriormente Tiro ter reconhecido a suserania babilônica e pago tributos por pelo menos uma década, o que há vários contratos babilônicos que comprovam, mas a maior parte dos tesouros de Tiro deixaram a ilha em navios com destino às colônias e Nabucodonosor terminou sua campanha sem grandes recompensas (cf Ez 29:18). 

A ausência de pressões provenientes de políticas agressivas – ou até mesmo a capacidade de sobreviver bem a essas políticas -, juntamente com a efervescência econômica e as habilidades artísticas celebradas, gerou um espírito de orgulho no povo de Tiro. A cidade somente foi destruída por Alexandre Magno em 332 a.C, após um cerco de sete meses construindo um molhe do continente até a ilha. A cidade foi reconstruída em 314 a.C, mas foi completamente destruída pelos sarracenos em 1291.

Outro fato que merece destaque sobre a cidade é a força da figura do rei dentro de sua sociedade. Como outras culturas oriundas do Crescente Fértil, os habitantes de Tiro compartilhavam a crença de que seu rei era o representante dos deuses na terra, dotado de um caráter sobre-humano. A principal divindade em Tiro era Baal-Mecarte, senhor do inferno (e do fogo), da tempestade e da fertilidade, que teve seu culto introduzido em Israel por Jezabel, esposa do rei Acabe. (cf I Rs 16:31-34). A situação de invencibilidade da Ilha era atribuída ao fato de ser o lugar sagrado deste deus, e em seu templo podia ser encontrado no altar um trono vazio reservado para seu representante no meio dos homens, o monarca. Essa fé era algo tão profundo que chegou até mesmo a resistir aos apelos da helenização e pensamento grego que varreu toda a região durante o período de Alexandre Magno e Tiro não se rendeu à tentação de ser uma república, mas conservou a forma de governo monárquica até a completa perda de sua independência. 

Os Oráculos contra Tiro

Ezequiel dedica mais tempo a Tiro do que qualquer outro escritor do Antigo Testamento. Na seção que examinaremos de seu livro (Ez 26 – 28:19), o profeta faz três oráculos contra a cidade: prediz a derrota de seu poder naval sob as mãos de Nabucodonosor (cap.26), faz uma magnífica lamentação sobre o naufrágio do galante navio de Tiro (cap. 27), e descreve o orgulho e queda do príncipe de Tiro numa canção de escárnio (cap.28:1-19)

1. A Derrota e Destruição de Tiro (Ezequiel 26:1-21)

O primeiro verso do capítulo introduz a cronologia da profecia. O décimo primeiro ano provavelmente corresponde ao ano 586 a.C e o verso 2 sugere que Jerusalém já havia sido destruída. O teor deste oráculo é predominantemente histórico e factual. O “portal das nações quebrado” pode referir-se à localização privilegiada de Jerusalém num território estratégico sobre as estradas dos pedágios. Agora que a cidade havia sido conquistada, já não poderia receber os impostos das caravanas que passavam por ela e Tiro planejava lucrar com a situação. Esta atitude fez com que o Senhor se colocasse contra Tiro e, a seguir, são pronunciados quatro oráculos contra ela, cada um introduzido pela expressão “Assim diz o Soberano, o Senhor” (vs 3,7,15 e 19).

O primeiro oráculo contra a cidade de Tiro (vs 3-6): 
Culpa e castigo

A introdução já declara o motivo da culpa de Tiro na expressão “por essa razão”, ligando a palavra profética à denúncia de intenção da cidade em beneficiar-se com a queda de Jerusalém. O versículo 3 chega a ter certa dose de ironia com a comparação “virão como o mar quando eleva as suas ondas”, já que o domínio dos mares era a maior força deste povo e uma de suas maiores realizações. 

A predição da destruição completa da Ilha-fortaleza (indicada pela expressão “rocha nua” no vs 4) deve ter parecido absurda aos ouvintes da época, devido à fama de invencibilidade que a cidade ostentava. A frota e o exército de Tiro tinham a peculiar característica de movimentarem-se da ilha para o continente e vice versa, quando era estrategicamente conveniente, para se defenderem de seus atacantes, mas Deus decreta através de Ezequiel que esse jogo de “gato e rato” acabaria, pois não somente a ilha seria arrasada, mas também os territórios do continente, a linha das colônias fenícias na costa, conforme parece ressaltar o versículo 6. 

É interessante ainda notar que nos dias atuais onde havia a cidade de Tiro é situada hoje a cidade de Es-Sur, um povoado habitado quase que exclusivamente por pescadores, onde a profundidade das águas favorece a pesca com rede, cumprindo a literalmente a Palavra do verso 5: “Fora, no mar, ela se tornará um local propício para estender redes de pesca, pois Eu falei. Palavra do Soberano, o Senhor”. (comparar também com verso 14).

O segundo oráculo contra a cidade de Tiro (vs 7-14): 
A iminente destruição por Nabucodonosor

Nabucodonosor é a forma do nome sempre usado por Ezequiel para “Nabukudurri-usur”, que significa, “deus Nebo, proteja as minhas fronteiras”. O significado deste nome já demonstra a relevância que os babilônicos davam para o expansionismo de seu império. O título que o acompanha “Rei de reis” é de origem assíria e asseverava a força da relação entre o suserano e seus vassalos conquistados. O império assírio havia conseguido por mais de uma vez exigir pagamentos de tributos por parte da cidade de Tiro, durante os reinados de Assurnasírpal II, Salmaneser III e Assurbanipal, cair diante de um monarca babilônico que ostentava um título de um passado que nenhum habitante de Tiro via com simpatia é, ironicamente, um duro golpe no orgulho dos tírios. 

Os versos 8-12 descrevem as táticas militares que seriam usadas contra Tiro: obras de cerco, aríetes, espadas, cavalaria pesada e até um levantamento de escudos, uma formação militar babilônica semelhante ao “testudo romano” ou “formação tartaruga”, artifício defensivo que consistia em dispor os escudos bem juntos uns dos outros, protegendo os lados, a dianteira e o teto de ataques projéteis. No verso 11, encontramos a expressão “suas resistentes colunas ruirão”, essas colunas não fazem parte das defesas de Tiro contra invasores, não possuem um significado bélico, mas um caráter duplo sagrado e cívico. O oráculo sugere que a morada inexpugnável de Baal-Mecarte seria profanada, seu templo cairia incapaz de proteger sua cidade sagrada e o rei de Tiro, seu campeão e representante na terra, nada poderia fazer a esse respeito. A queda de Tiro iria revelar a impotência e fragilidade do deus que a cidade se orgulhava tanto.

O terceiro oráculo contra a cidade de Tiro (vs 15-18):
Os Efeitos de sua queda sobre os príncipes do mar

Tiro possuía colônias das quais adquiria as mais variadas mercadorias e dispunha de um vasto território comercial, o terceiro oráculo mostra como a queda da capital desde império mercante iria afetar seus limites como um todo, se entendendo até os pontos mais afastados. Sua queda teria repercussões até mesmo nas rotas e caminhos secretos que somente esses fenícios conheciam. 

Os príncipes do mar são os mercadores, reis e governantes de cidades e portos que dependiam economicamente da prosperidade de Tiro, essa dependência fica evidente no choro e pavor descritos no verso 16, quando eles desceriam do trono, ou seja, perderiam sua alta posição ao descobrirem-se desamparados de sua capital. O fragmento “porão de lado seus mantos e tirarão suas roupas bordadas” pode também ser interpretado como uma alusão aos produtos de luxo que desapareceriam com o declínio das rotas comerciais fenícias. 

As lamentações dos príncipes (vs 17,18) ilustram não somente sua tristeza pela conquista de Tiro, mas também sua perplexidade. Como um povo poderoso que impunha pavor, era um poder nos mares, responsável por uma civilização e sustentador de todo um modo de vida, foi reduzido a ruínas? Se um destino assim teve a poderosa Tiro, o que seria das cidades desses príncipes?

O quarto oráculo contra a cidade de Tiro (vs 19-21):
A descida ao "inferno"

“(...) e quando eu a cobrir com as vastas águas do abismo” (v 19) é a predição de que as ambições de Tiro não se cumpririam. A palavra hebraica para “vastas águas” é tehôm, e denota uma profundidade inexplorável (ou que não pode ser conquistada ou medida). A cidade sonhava e se empenhava em conquistar e ampliar seu domínio sobre as muitas águas, mas não teria êxito neste intento e, em vez disso, ainda seria conquistada por elas.

Os versos 20 e 21 profetizam que o Senhor faria Tiro descer ao Sheol, “(...) para fazer companhia aos antigos”, e habitar embaixo da terra. O fato das Escrituras muitas vezes falar das profundezas da terra como lugar dos mortos não é suficiente para postular que os escritores bíblicos cressem que esse fosse o verdadeiro lugar dos espíritos que partiam. Considerando que os homens pensam em termos concretos, é natural que, à vista do sepultamento do corpo, a morada dos mortos fosse localizada num nível abaixo da terra. De qualquer forma, o sentido de sheol nesta profecia é enfatizar que a cidade de Tiro seria destituída de sua posição de destaque. Em vez de ascender, seria rebaixada até o inferno – o lugar mais profundo – e seu orgulho seria quebrado, uma vez que ela seria procurada e não mais encontrada (v 21).

2. Um Lamento por Tiro (Ezequiel 27:1-36)
No capítulo 27 de Ezequiel, o Senhor ordena ao profeta que faça um lamento a respeito de Tiro. A lamentação era uma prática geralmente associada ao arrependimento e contrição ou tinha lugar por causa de alguma grande desgraça. Os sepultamentos eram ocasiões para se lamentar, e desde o Egito Antigo, o Oriente conhecia as carpideiras, profissionais de cabelos desgrenhados e vestes desemaranhadas que acompanhavam os cortejos fúnebres expressando tristeza. Mortes notáveis algumas vezes motivaram lamentações poéticas, como por exemplo, Davi lamentou Saul e Jônatas com o “Lamento do Arco” (2 Sm 1:17-24) e Jeremias compôs um lamento em homenagem ao rei Josias (2 Cr 35:25). O oráculo apresentado com a linguagem poética de lamentação indica que, como os acontecimentos enumerados anteriormente, a queda de Tiro seria algo realmente notável. No poema, introduzido por um pequeno trecho em prosa, Tiro é representada como um elegante navio manobrado por marinheiros de cidades fenícias (vs. 1-9), ricamente carregado de mercadorias de muitas nações (vs 9-25) que naufragou para tristeza dos navegantes (vs 25-36).

Os nove primeiros versos do poema descrevem a construção e tripulação do navio. As palavras: “Você diz, ó Tiro: Minha beleza é perfeita”, enfatiza mais uma vez que o pecado de Tiro foi o orgulho. Assim como o início do poema é a declaração soberba que a cidade julgava altivamente ter atingido a perfeição, foi seu orgulho e desejo de ascensão que desencadeou seu julgamento pelo Senhor e sua queda. A madeira do navio foi descrita. Os conveses foram feitos de ciprestes de Senir (que significa “montanha sagrada”), o nome amonita para o Monte Hermom. O mastro era feito de cedros do Líbano. Seus remos, de carvalhos de Basã, uma região a leste e nordeste de Quinerete. A estrutura do navio era feita de cipreste das costas de Chipre, e revestido de mármore ou marfim (segundo algumas traduções). Todos esses materiais serviam para ilustrar como a beleza de Tiro reunia elementos raros e preciosos de todo o mundo conhecido, valorizados tanto por sua qualidade como pela dificuldade em ser encontrados. As velas da embarcação são descritas como “feitas de belo linho bordado”, esse linho bordado era uma mercadoria muito cobiçada na época e seu uso na convecção de velas pode ser interpretado como um símbolo de riqueza exagerada. Os toldos são descritos como “azul e púrpura”, no original literalmente “púrpura azul e púrpura vermelha”, se levarmos em conta o que já foi informado sobre o uso reservado da cor púrpura na antiguidade para realeza e nobreza de diversas culturas, pode-se inferir que a visão de um navio como descrito por Ezequiel claramente evocaria conceitos de prosperidade, sucesso, imponência, luxo e orgulho.

Sidom e Arvade, territórios fenícios com experiência em navegação, forneciam os remadores a Tiro e Gebal, afamada desde os tempos antigos por seus pedreiros e mestres em construção de navios, os artesãos que proveriam manutenção até mesmo em alto mar se fosse necessário. A tribulação do navio era a melhor da época, com os melhores especialistas segundo suas áreas de atuação. A qualidade dos materiais usados e a mão de obra encontrada no navio sugere um fim glorioso para o mesmo, uma expectativa de sucesso onde quer que ele passe.

A partir da segunda parte do verso 9 até o verso 25, cita-se lugares que atuavam como parceiros e clientes de Tiro. É uma espécie de “catálogo de comerciantes”. Tiro recebia metais de Tarsis. Javã, Tubal e Meseque eram remanescentes do povo hitita e faziam tráfico de escravos e bronze. Togarma (provavelmente a atual Armênia) fornecia cavalos. Os homens de Rodes, marfim e ébano; a Síria, pedras preciosas, bordados e púrpura; Judá e Israel, cereais e especiarias; Damasco, vinho e lã; perfumes de Samá e Rama, etc. A lista extensa mostra como o comércio de Tiro era diversificado e a palavra “mercadorias” nos versos 12,14,16,19 e 22 é a tradução da palavra hebraica ’izzabón, que significa “a parte que fica com o negociante” e traz implícita a idéia de lucro. O Catálogo serve para ilustrar a variedade de mercadorias e também a riqueza que Tiro adquiria através delas.

Após descrever os materiais e mão de obra do navio e revelar seu catálogo comercial, Ezequiel prossegue o oráculo tragicamente nos versos 25 a 30: O navio naufraga e sua carga de bens, mercadorias e riquezas se perde. A tripulação (composta de marinheiros, pilotos, calafates, negociantes e soldados) morre afogada e seus gritos podem ser ouvidos até mesmo das praias próximas, demonstrando que nem a riqueza, poder, nem o conhecimento técnico que proporcionou um império mercantil a Tiro, nem seus muitos clientes poderiam livrá-la do juízo de Yavé. 

Os versos 30 e 31 mostram que o abatimento de Tiro é um acontecimento tão trágico que todos os outros marujos – provavelmente os que haviam desenvolvido relação comercial com ela - largariam seus afazeres apenas para pranteá-la. Apenas nestes dois versículos, enfatizando o impacto e consternação que a queda de Tiro teria no mundo marítimo, encontramos enumerados oito sinais de tristeza: 1 - O fato dos marujos abandonarem suas tarefas normais; 2 - erguer a voz; 3 - gritar com amargura; 4 – espalhar poeira sobre a cabeça; 5 – rolar na cinza; 6 – raspar a cabeça; 7 – usar vestes de luto e 8 – chorar com angústia de alma e pranto amargurado.

A última parte do oráculo (vs 32-36) é o lamento, propriamente dito, sobre o fim trágico de Tiro. É interessante notar que o verso 34 encerra uma idéia semelhante àquela encontrada em Ezequiel 26:2: a de uma situação extrema que pôs fim a uma vantagem comercial. A ira do Senhor contra Tiro se acendeu quando a cidade, em seu orgulho, quis tirar proveito da queda de Jerusalém e o julgamento de Deus impôs a mesma condição à orgulhosa Tiro de uma maneira tão marcante que chocou as nações e povos que a conheciam.

3. A Queda do Príncipe de Tiro. (Ezequiel 28:1-19)

No capítulo 28, Ezequiel passa da cidade a seu governador, como representante do caráter de sua comunidade e personificação do espírito da orgulhosa metrópole comercial. Rei e povo constituem uma corporação sólida que recebe a condenação por seu orgulho e auto-deificação. A Bíblia traz outros exemplos dessa “insanidade da prosperidade”, com reis declarando-se (ou querendo ser) deuses: Senaqueribe (II Rs 18:33-35), Faraó (Ez 29:3) e Nabucodonosor (Dn 3:15, 4:30) nos servem de exemplo dentre outros. 

O profeta Ezequiel refere-se ao rei de Tiro em duas partes distintas: a primeira traz a profecia contra o monarca (vs 1-10) e a segunda é um lamento sobre sua queda (vs 11-19). Qualquer interpretação destas passagens deve ser feita sem deixar de ter em mente que, apesar desta divisão, se trata de um oráculo contínuo, inteiro, que envolve pronunciamentos de julgamento e lamento. Há uma grande quantidade de termos específicos que ligam as duas partes da trama: o coração arrogante (vs 2,4,17), a beleza (vs 7,12,17), o esplendor (vs 7,17), a sabedoria (vs 4,5,7,17), o comércio (vs. 5,16,18) e o ouro (vs 4,13). Qualquer exegese proposta ao texto deve contemplá-lo em sua integridade e esclarecer satisfatoriamente os pontos levantados tanto na profecia quanto no lamento. O estudo individual das partes neste trabalho visa apenas uma maior facilidade didática.

A Profecia: O Castigo do Príncipe de Tiro por causa de sua Auto-Exaltação

O Príncipe de Tiro é anunciado no verso 2 como “nagîd”, literalmente, “líder” de Tiro. O termo “nagîd” era usado com exclusividade para designar os governantes de Israel e, no contexto de Ezequiel, serve para demonstrar que, apesar deste príncipe acreditar que havia adquirido sua posição por méritos e força própria, a realidade não era essa, ele devia seu poder e status a uma designação de Yavé. Ittobaal II era o rei da cidade fenícia nesta ocasião, mas a denúncia e condenação são mais contra a arrogância e autoteísmo de Tiro do que contra qualquer governante específico: “No orgulho do seu coração você diz: ‘Sou um deus; sento-me no trono de um deus no coração dos mares.’. Mas você é um homem, e não um deus (...)”. A intenção inicial do texto é colocar o rei de Tiro em seu lugar de homem mortal e revelar que suas presunções são falsas. Se compararmos a temática deste oráculo com a profecia de Isaías (II Rs 19:21-28), dirigida a um outro rei com delírios de divindade, Senaqueribe (II Rs 18:31-35), notaremos que o Senhor procedeu da mesma forma com ele, lembrando-o que Ele o havia estabelecido (II Rs 19:25). Essa idéia de divinização do monarca aparece também na introdução à lamentação, no verso 12, quando o rei de Tiro é tratado por “melek”, termo que exemplifica bem o conceito do Crescente Fértil de que o governante era um representante sobrenatural dos deuses. A expressão “trono de um deus no coração dos mares” bem pode referir-se ao trono reservado ao rei no altar do templo de Baal-Mecarte ou até mesmo à cidade de Tiro como habitação inexpugnável dos deuses. É válido observar que se trata de “um trono” de “um deus” e não “o” Trono do Deus Altíssimo”, como alguns tem sido induzidos a interpretar quando lêem a passagem em paralelo com Isaías 14:13,14. Aliás, sobre a passagem de Isaías, é válido ter em mente que o hebraico é uma língua que não faz distinção entre letras maiúsculas e minúsculas, logo a tradução do original “el” por “Deus” (com letra maiúscula) já é uma interpretação posterior que obscurece a intenção inicial do texto. “El”, apesar de ser uma partícula que aparece em vários dos nomes conhecidos de Yavé na Bíblia, é o nome de uma divindade cananéia, pai do deus Baal, para exemplificar essa distinção, podemos comparar o texto de Isaías com o relato do encontro de Abraão com Melquisedeque em Gênesis 14:17-24. Melquisedeque apresenta-se como sacerdote do “Deus Altíssimo”, no original hebraico “El Eliom”, justamente para que Abraão entendesse que o Deus dos dois era o mesmo, não o “el” cananita ou qualquer outro “el” conhecido na região. Sobre o “trono de el” é necessário lembrar que havia uma crença generalizada no Oriente da existência de uma montanha sagrada ao Norte muito alta, usada pelos deuses para ascender ao céu. Supostamente existia um trono no topo desta montanha e o deus ou homem que se assentasse sobre este trono teria poder sobre os demais deuses e homens, é mais provável que seja este o “trono de el” sobre o qual o rei de Isaias deseja se assentar do que sobre o “Trono do Deus Altíssimo”, interpretação favorita dos que insistem em ver Lúcifer como retratado ali.

A indagação do verso 3: “Você é mais sábio do que Daniel?”, pode não referir-se ao Daniel da Bíblia, mas a um abastado juiz chamado Danel (cf também Ez 14:14) da antiga cidade portuária de Ugarit, aclamado na época por seu conhecimento, sabedoria e justiça e que é citado também nas tabuinhas de Ras-Shamra, datadas do mesmo período deste oráculo. Essa suposição leva em conta que os versículos seguintes 4 e 5 mostram que sabedoria aqui não quer dizer uma habilidade especial vinda de Deus para cultura, ciência e interpretação profética como a dada ao Daniel bíblico (Dn 1:17), mas uma aptidão e conhecimento para se enriquecer e acumular tesouros, como uma espécie de malícia comercial. Essa sabedoria corrompida teria sido a causa do orgulho do rei (vs 5).

Com a finalidade de abater o rei orgulhoso, o Senhor traria os “estrangeiros das mais impiedosas nações”, os caldeus ou babilônicos, para que o arrancassem de sua posição pseudodivina e lhe lembrassem que ele não passava de um ser humano comum (vs 9). Como antítese ao conceito de exaltação e enfatizando o castigo pelo orgulho, aparece a expressão “descer à cova” (heb. shahat), equivalente ao Sheol, ou reino subterrâneo dos mortos. A palavra Shahat vem da raiz shûah, que significa “afogar-se” e sugere mais uma vez, como na profecia contra a cidade de Tiro (Ez 26:19), que como punição pelo orgulho, ele não seria capaz de dominar as águas, mas as águas o aniquilariam.

A profecia é finalizada com a predição: “Você terá a morte dos incircuncisos nas mãos dos estrangeiros” (vs 10). Segundo Heródoto, os fenícios praticavam a circuncisão como um sinal de honra e morrer como um incircunciso desprezado era a vergonha muito temida. O oráculo com essas palavras acrescenta à aniquilação o sentido de maior humilhação possível dentro da cultura fenícia.

O Lamento sobre o Rei de Tiro (Ezequiel 28:12-19)

A segunda parte das predições dirigidas ao rei de Tiro foram as que mais receberam atenção em esforços interpretativos desde o princípio. Antes de nos lançarmos à tentativa de analisar esta passagem, é relevante termos uma vista panorâmica das teorias prevalecentes.

• Satanás é o rei de Tiro
Talvez esta seja a suposição mais conhecida e com o maior número de adeptos. Muitos através da história da igreja cristã têm interpretado Ezequiel 28:12-19 como a descrição de Satanás. Pais da igreja como Tertuliano, Orígenes, João Cassiano, Cirilo de Jerusalém, e especialmente, Jerônimo ajudaram a popularizar esta interpretação porque liam Isaías 14:12-15 como uma passagem paralela. Apoio moderno a esta teoria é encontrado, por exemplo, em Kaiser Junior, que interpreta a história não somente como uma contenda entre meros mortais, mas simultaneamente como uma batalha sobrenatural pelo domínio. Segundo Kaiser Junior, Satanás teria sua própria sucessão de tiranos que correspondiam à linhagem davídica de Deus, além de sua própria pessoa culminante, o tirano dos tiranos. 

• O rei de Tiro é uma analogia do Primeiro Homem
Devido a certos paralelos entre nossa passagem e Gênesis 2-3, alguns supõem que o rei de Tiro seja uma ilustração ou adaptação de Adão, o primeiro homem. Os dois relatos compartilham alguns elementos: o Jardim do Éden, a criação, a perfeição, o querubim e a expulsão. Mas existem diferenças básicas que tornam difícil sustentar essa posição: em Ezequiel há pedras preciosas em vez de árvores; o ser está coberto e não nu; a responsabilidade é de guarda e não de cultivo e cuidado do jardim; não há serpente ou elemento tentador externo e, o mais importante, não há mulher.

• Trata-se de um relato de caráter mitológico
A linguagem de Ezequiel tem sido vista por muitos estudiosos como mítica e encorajado a interpretação de identificar o rei de Tiro como uma entidade mitológica ou como se ele se considerasse a personificação de uma deidade mitológica. Para validar essa suposição, geralmente são evocados os termos “querubim”, “monte santo de Deus” e “pedras afogueadas” em ligação com 28:2 “No orgulho do seu coração você diz: ’Eu sou El (...)”, 

Esta teoria era refutada até pouco tempo alegando-se que não existia nenhum mito na literatura do Antigo Oriente que demonstrasse semelhanças com Ezequiel, entretanto Pfeiffer e Harrison não são dessa opinião. Eles citam em seu comentário bíblico que os fenícios conheciam uma fábula estruturalmente muito parecida com a narrativa de Gênesis 2 e 3. Segundo a lenda fenícia, no Jardim de Deus habitavam inicialmente o homem ideal (o Urmensch, ou primeiro homem), perfeito em sabedoria e beleza e o querubim que guardava o jardim. Embora fosse um simples mortal, o homem ficou orgulhoso e proclamou-se deus. Por este pecado, o querubim o expulsou de lá. Segundo o relato de Ezequiel, o rei de Tiro seria arruinado por uma ofensa semelhante.

A posição literal
Esta última perspectiva entende que o príncipe e o rei de Tiro são a mesma pessoa e interpreta o texto nominalmente, como um oráculo dirigido a um homem específico em determinado momento do tempo. Geralmente esta posição requer mais subsídios, considerando a linguagem difícil de Ezequiel e o abismo cultural, temporal e de pensamento que dificulta a descoberta do sentido primário do texto.

Análise do Lamento sobre o rei de Tiro

Embora escrita em métrica qiná, própria das lamentações, o texto é mais uma ironia do que uma lamentação. 

Na expressão “modelo da perfeição”, a palavra hebraica traduzida como modelo é “hôtem”, e traz o sentido de “aquele que sela’, ou ”aferidor”, como algo a ser imitado ou invejado. Pode referir-se ao papel de destaque ocupado pelo rei que inspirava a ambição dos outros príncipes fenícios. Logo em seguida, aparecem duas outras características do monarca: “cheio de sabedoria e de perfeita beleza”, lembrando que na profecia anterior a sabedoria é retratada como malícia comercial e que o texto deve ser tratado como uma unidade, podemos estender até aqui a interpretação que a sabedoria e beleza podem ser, respectivamente, as habilidades de adquirir riquezas e os luxos advindos desses tesouros. Seguindo o raciocínio desta forma, o rei de Tiro (do ponto de vista dos mercadores marítimos e do povo fenício) servia mesmo de modelo aferidor.

Os versos 13 a 15 são problemáticos. Muitos interpretam o Éden aqui como o jardim da criação e postulam que o rei de Tiro seria então Adão ou Satanás. Mas se entendermos a passagem literalmente, se este é o Jardim do Éden literal, do relato de Gênesis, não há possibilidade do rei da cidade de Tiro (homem) ser o sujeito do oráculo. Se esta possibilidade não existe, e insistimos sustentando na identificação do destinatário das palavras proféticas como ou o primeiro homem ou o diabo, o lamento torna-se um texto independente, sem qualquer ligação com a profecia anterior e já vimos inicialmente a importância do oráculo ser tratado como um todo contínuo e coeso. 

Uma proposta interessante para tentar solucionar a expressão “Éden, jardim de Deus”, é a leitura paralela do oráculo contra o Egito (capítulos 29-31). A passagem sugere uma conexão – ao menos na mente do profeta e talvez na da sociedade como um todo – entre a idéia de “Jardim de Deus” ou Éden e o Líbano. No capítulo 31 há a referência ao “cedro do Líbano” (vs 3), aos “cedros do jardim de Deus” (vs 8) e das árvores do Jardim do Éden até mesmo sentindo inveja do cedro do Líbano. O rei responsável por Tiro ter iniciado seu processo de ascensão comercial foi Hirão, que participou ativamente da construção do templo de Salomão. A riqueza de Tiro começou fabricando artefatos em bronze (o que pode ser uma referência às pedras afogueadas e a fundição) e vendendo madeiras do Líbano. Desta forma, o rei de Tiro teria estado no Éden representado em seu antecessor distante. Esta imagem comercial relacionando o Éden e o Líbano parece convincente porque não foge do propósito do oráculo, que é denunciar Tiro por seu pecado de ganância (26:2). As pedras como cobertura podem ser interpretadas como símbolos de riqueza.

A expressão “Você foi ungido querubim guardião” merece atenção especial. O original hebraico é ambíguo e passível de duas traduções de sentidos diferentes, pode significar tanto “Você era o querubim ungido” quanto “você estava com o querubim ungido”. Os que vêem Adão nesta passagem geralmente preferem a última tradução e alegam que Adão tinha uma companhia angelical no Éden, mas devemos lembrar algumas coisas: no relato de Gênesis, a mulher é feita porque não era bom que o homem estivesse só, logo, é improvável que ele desfrutasse de um companheiro inteligente; se a função do suposto querubim companheiro é de guardião de Adão, deve-se expor do que ele estava sendo protegido e o porquê; e, finalmente, no relato bíblico, é o homem que é expulso do paraíso, não o querubim; somente após a expulsão de Adão é que encontramos menção da presença de querubins no jardim (Gn 3:24). Há ainda os que entendem que o querubim deste texto é Satanás, literalmente, o que também é difícil de sustentar, pois Satanás nunca é retratado na Bíblia como guardião de coisa alguma. Deve-se considerar ainda que, especificamente em Ezequiel, os querubins são descritos como aqueles que guardam e sustentam o trono de Deus, dar a Satanás a posição de querubim antes de sua queda é tomar por certo o que não tem respaldo em nenhuma parte da Escritura, ou seja, afirmar que a função de Satanás era guardar e sustentar o trono de Deus. 

Parece razoável interpretar o rei de Tiro (homem) no papel do querubim ungido como alguém que recebeu um privilégio do próprio Deus. Este privilégio pode ter sido participar da edificação do palácio de Davi e, posteriormente, da construção do Templo, inclusive na fabricação de diversos utensílios sagrados. A posição de destaque no comércio mundial pode ter sido fruto das bênçãos de Deus pela participação de seus antepassados no sistema de culto em Israel. Não se pode perder de vista que o motivo dos oráculos contra Tiro é a expectativa gananciosa da cidade de lucrar com a queda de Jerusalém. O rei de Tiro que auxiliou Davi e Salomão tinha uma postura muito diferente daquele da época de Ezequiel, basta comparar I Reis 5:7 com Ezequiel 26:2 para que isso fique evidente. Trair o legado deste privilégio por orgulho e ganância mereceu o julgamento e punição de Yavé.

A posição de que a passagem trata de um relato mítico também não deve ser descartada totalmente. Relacionar o lamento sobre o rei de Tiro com elementos mitológicos da cultura fenícia parece ser realmente válido dentro do contexto estrutural encontrado em toda a obra de Ezequiel. O profeta, por todo o livro, faz uso de diversos recursos didáticos para viabilizar o entendimento de sua mensagem: representação dramática, atos simbólicos, parábolas e provérbios, dentre outros. Parece razoável que este profeta também utilizasse elementos mitológicos ou fábulas da cultura fenícia para que a mensagem fosse compreendida da forma mais clara e fiel possível por este povo. Um argumento forte contra esta suposição, porém, é que Ezequiel profetizou contra Tiro no meio do exílio babilônico, ele não se deslocou até a orgulhosa cidade comercial para entregar sua profecia e os ouvintes deste oráculo provavelmente foram judeus deportados. Se levarmos isso em consideração, parece injustificado ou inútil o esforço para deixar o oráculo mais facilmente inteligível aos fenícios. 

O “monte santo de Deus”, referido no verso 14, deve ser o monte Saphôn, montanha sagrada para o povo fenício e pode ser interpretada metaforicamente como um lugar elevado, de privilégio e destaque, ainda mais se pensarmos que este oráculo é o lamento sobre a queda e deve enfatizar o sentido de perder uma alta posição para ser humilhado até o inferno. Cabe aqui também o pensamento comum oriental sobre a existência da montanha sagrada ao Norte, escada dos deuses para o céu.

Caminhar entre as “pedras fulgurantes”, no original hebraico, quer dizer andar entre as pedras que se destacam por seu brilho, não que estas pedras sejam incandescentes. É a definição de algo que emite luz própria, à semelhança do fogo, não que esteja se consumindo ou envolto em chamas. Esse brilho à aparência de fogo é característico da manifestação divina (cf. Ez 1:13) e pode ser interpretado como mais um indício de que o rei de Tiro foi favorecido por Deus, mas sua atitude ambiciosa atraiu juízo sobre si. Não somente sua posição, mas suas riquezas somente foram adquiridas com a permissão de Yavé. Existem alguns teólogos que tentam definir essas “pedras fulgurantes” como algum paralelo na religião fenícia ao sacerdócio judaico, alegando uma simbologia das pedras do peitoral relacionada a fragmentos de lendas sobre o monte Saphôn e as estrelas de Baal o rodeando. Entretanto os que pensam assim esquecem que o texto fala sobre “andar” entre estas pedras, não usá-las como adorno sagrado, como é comumente sugerido.

“Você era inculpável em todos os seus caminhos” (vs 15), aparece em muitas traduções como “Perfeito em todos os caminhos”. A palavra traduzida por perfeição ou até inculpabilidade, no texto hebraico original, é “tamin” e designa mais um estado de integridade do que de ausência de defeitos. Perfeição sugere que não falta nada ou parte alguma, como a oferta ao Senhor devia ser perfeita e não apresentando animais mancos (que faltavam ou faziam uso atrofiado dos membros) ou aleijados. Uma tradução do sentido aproximado seria, “Não te faltava nada, mas sua ganância desejou ir além”. Essa concepção está em harmonia com a temática do oráculo como um todo e deve ser considerada. É interessante notar que ela introduz a “multiplicação do comércio” e o aparecimento da violência e do pecado (vs 16), a violência pode ser entendida como uma tentativa de atender à ganância do coração a qualquer custo, numa atitude em que “os fins justificam os meios”. A continuação da leitura revela a expressão ”comércio desonesto”, essa desonestidade não era somente cobrar com usura, além do preço justo, com ganhos excessivos, mas principalmente usar de quaisquer meios para enriquecimento. Se pensarmos que Tiro era favorecida por Deus por sua atitude em relação a Israel anteriormente, parece natural que a mudança de atitude nesta ultima ocasião (26:2) resultaria num juízo de Deus (“fiz sair de você um fogo que o consumiu”) contra ela. Essa ideia ganha força enfatizada também na profanação do santuário, a quebra de uma instituição sagrada, e a expulsão, ou o fim dos privilégios.


Conclusão:

Os oráculos de Ezequiel são dirigidos ao rei de Tiro histórico, personagem real, como conseqüência de seu orgulho e ganância. As inferências míticas podem ter sido introduzidas para que a compreensão da mensagem fosse facilitada dentro da cultura fenícia, ainda que não haja sustentação para crer que o profeta tinha expectativas de que suas palavras chegassem diretamente a esse povo. A suposição de que o rei de Tiro é uma analogia de Adão não apresentou argumentos convincentes o bastante para validá-la, nem a que postula que o oráculo dirige-se a Satanás antes de sua queda. Entretanto, é impossível não enxergar um poder espiritual atuando por trás do personagem humano. Mesmo que os oráculos não sejam contra Satanás, deve-se reconhecer que havia um espírito maligno por trás do orgulho do rei de Tiro, instigando-o em sua auto-deificação.




BIBLIOGRAFIA:

ARTHUR, Joseph. “O Rei de Tiro em Ezequiel 28:12-19: Seria Ele Satanás?” in:Vox Scripturae – Revista Teológica Latino-americana.Vol 7. Ano 1. Junho.Pg 3-24. São Paulo: VS/Aetal, 1997.
BÍBLIA SAGRADA. Nova Versão Internacional, São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2000
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BUCKLAND, A.R. Dicionário Bíblico Universal. Traduzido em português por J.S.Figueiredo. São Paulo: Vida, 1988.
DOUGLAS, J.D (org.). O Novo Dicionário da Bíblia. Editor em português: R.P.Shedd. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988.
KAISER JR, W. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988
OLIVA, Alfredo dos Santos. A História do diabo no Brasil. São Paulo: Fonte Editorial, 2007.
PFEIFFER, C.F et HARRISON, E.F. Comentário Bíblico Moody. Volume 3-Isaías à Malaquias. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987.
SMITH, R. L. Teologia do Antigo Testamento. Tradução de H.U. Fuchs e L.Yamakami.São Paulo: Edições Vida Nova, 2001.
WILLMINGTON, Harold L. A Bíblia em Esboços. Tradução de E. P Junior. São Paulo: Hagnos, 2001.

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por Luciano Maia
Fonte: http://vulcanobh.blogspot.com.br

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ponto de vista escatológica Amilenista


Amilenismo – crença de que não haverá um Reino literal de Cristo por 1000 anos.

O autor do artigo a seguir, apresenta uma defesa à visão Amilenista.

Reafirmamos que posicionamentos escatológicos não devem ser motivos para divisão, são apenas visões diferentes da profecia bíblica. Nunca devemos esquecer que adoramos ao mesmo Deus e temos a mesma bendita esperança (Tito 2:13).

O estudante de escatologia poderá ler e confrontar todas essas correntes escatológicas.


Amilenismo
por Rev. Ronald Hanko

A palavra Amilenismo significa literalmente “nenhum milênio”. Estritamente falando, não é o caso do amilenismo não ensinar nenhum milênio de forma alguma. A verdade é que o amilenismo não crê num milênio literal e futuro.

O Amilenismo ensina que o milênio de Apocalipse 20 é toda a era do Novo Testamento, desde a primeira vinda de Cristo até o fim do mundo. Portanto, os mil anos de Apocalipse 20 devem ser entendidos simbolicamente, e não literalmente.

Este ensino é baseado, primeiro, no fato que os números na Escritura, incluindo o número mil, são frequentemente simbólicos ao invés de literais. Um bom exemplo é o Salmo 50:10, onde a Escritura certamente não quer dizer literalmente e somente “mil montanhas”, mas todas as montanhas.

Visto que a prisão de Satanás é uma das principais características deste período de mil anos (Apocalipse 20:1-3), o Amilenismo ensina que Satanás está preso por toda a era do Novo Testamento. Ele não está completamente preso, mas preso somente “para que mais não engane as nações” (Apocalipse 20:3). Ele está preso, em outras palavras, para que não possa impedir o evangelho de ser pregado e resultar na conversão das nações gentílicas. Que Satanás estava preso no tempo da primeira vinda de Cristo é claro a partir de Mateus 12:29. Ali, numa referência óbvia à Satanás, Jesus usa a mesma palavra grega para amarrar que aparece em Apocalipse 20:2. Ele diz aos fariseus que “o homem valente [Satanás]” deve ser amarrado. No contexto desta declaração, Jesus está falando da vinda do reino através da reunião dos gentios, mediante a pregação do evangelho (Mateus 12:14-21, 28-30). Mateus 12:29 interpreta Apocalipse 20:2 e mostra que o resultado da prisão de Satanás é o sucesso do evangelho entre as nações no Novo Testamento.

O Amilenismo, portanto, não espera um milênio ainda porvir, mas crê que está no meio do milênio agora, e que, quando o milênio terminar, o fim do mundo terá chegado. Esta era do Novo Testamento é a última era do mundo.

Os Amilenistas não esperam um rapto mil anos antes do fim, nem uma vinda de Cristo mil anos antes do fim, nem esperam que a grande tribulação ocorra mil anos antes do fim do mundo. Antes, eles ensinam que todos estes eventos ocorrerão no fim e serão seguidos pelo estado eterno.

Por isso, o Amilenismo ensina que a “trombeta” de 1Coríntios 15:51,52 é a última, e que seguindo o rapto (1Tessalonicenses 4:16,17), os eleitos estarão para sempre com o Senhor na glória celestial. Da mesma forma, no ensino amilenista a grande tribulação de Mateus 24:29 é imediatamente seguida pela trombeta que anuncia a vinda de Cristo na aparição real de Cristo sobre as nuvens e a assembléia dos seus eleitos.

O Amilenismo não ensina um período de paz e prosperidade sem precedentes para a igreja antes do fim, mas toma seriamente a verdade bíblica de que a grande tribulação da Igreja precederá o final de todas as coisas – que naqueles últimos dias “sobrevirão tempos difíceis” (2Timóteo 3:1), tempos nos quais “os homens perversos e impostores irão de mal a pior” (v. 13).

Por causa disto, alguns acusam o amilenismo de pessimismo. Contudo, ele não é pessimista. Os Amilenistas crêem que Cristo reina, e que com poder soberano faz com que todas as coisas, mesmo as tristes, cooperem juntamente para o bem dos seus amados.



Argumentos a favor do Amilenismo
por Wayne Grudem

1. Quando olhamos para a totalidade da Bíblia, somente uma passagem (Apocalipse 20:1-6) parece ensinar o Reino Milenar terreno e futuro de Cristo, e essa passagem em si mesma é obscura. Não é sábio basear tão importante doutrina em uma passagem de interpretação incerta e amplamente controvertida.

Mas, como os Amilenistas entendem Apocalipse 20:1-6?

A interpretação Amilenista vê essa passagem como referindo-se à presente era da Igreja. A passagem é esta:

"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo. Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição.Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos."

De acordo com a interpretação Amilenista, a prisão de Satanás nos versículos 1 e 2 é a prisão que ocorreu durante o ministério terreno de Jesus. Ele falou sobre amarrar o valente a fim de poder saquear a casa (Mateus 12:29 – “Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa”) e disse que o Espírito de Deus estava presente naquele tempo em poder para triunfar sobre as forças demoníacas: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus” (Mateus 12:28). Semelhantemente, com respeito à destruição do poder de Satanás, Jesus disse durante o Seu ministério: "Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lucas 10:18).

O Amilenista argumenta que essa prisão de Satanás em Apocalipse 20:1-3 tem um propósito específico: “para assim impedi-lo de enganar as nações” (v. 3). Isso, então, é o que aconteceu quando Jesus veio e o evangelho começou a ser proclamado não simplesmente aos judeus, mas, após o Pentecoste, a todas as nações do mundo. De fato, a atividade missionária mundial da igreja e a presença da igreja na maioria das nações do mundo ou em todas elas mostra que o poder que Satanás tinha no Antigo Testamento de “enganar as nações” e mantê-las nas trevas acabou.

Na visão amilenista, argumenta-se que, como João viu as “almas” e não os corpos físicos no versículo 4, essa cena deve estar ocorrendo no céu. Quando o texto diz que “eles ressuscitaram”, não quer dizer que ressuscitaram fisicamente. Isso possivelmente significa que eles simplesmente “viveram”, já que o verbo no aoristo ezesan pode facilmente ser interpretado como a afirmação de um evento que ocorreu por um longo período de tempo. Alguns intérpretes amilenistas, no entanto, tomam o verbo ezesan como significando que “eles vieram à vida” no sentido de vir a uma existência celestial na presença de Cristo e começar a reinar com Ele do céu.

Conforme essa visão, a expressão “primeira ressurreição” (v. 5) refere-se a ir para o céu para estar com o Senhor. Essa não é uma ressurreição corporal, mas uma ida à presença do Senhor no céu. De modo semelhante, quando o versículo 5 diz que “o restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos”, isso é entendido como se eles não tivessem vindo à presença de Deus para juízo até o final dos mil anos. Assim, tanto no versículo 4 quanto no 5, a expressão “voltou a viver” significa ir para a presença de Deus. (Outra posição amilenista da “primeira ressurreição” é a que se refere à ressurreição de Cristo e à participação dos crentes na ressurreição de Cristo por meio da união com Ele).

2. O segundo argumento muitas vezes propostos em favor do Amilenismo é o fato de que a Escritura ensina somente uma ressurreição, tanto os crentes como os descrentes serão levantados da morte, não duas ressurreições (a ressurreição de crentes antes de o milênio começar e a ressurreição de descrentes para o juízo após o fim do milênio). Esse é uma argumento importante, porque a posição pré-milenista requer duas ressurreições separada por um período de mil anos.

Evidência a favor de uma única ressurreição é encontrada em versículos como João 5:28-29, nos quais Jesus diz: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”. Aqui Jesus fala de uma única “hora” em que tantos crentes como descrentes mortos sairão de suas tumbas (ver também Daniel 12:2; Atos 24:15).

E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2)
Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos” (Atos 24:15)

3. A idéia de crentes glorificados e de pecadores vivendo na terra juntos é muito difícil de aceitar. Berkhof diz: “É impossível entender como uma parte da velha terra e da humanidade pecadora poderá coexistir com uma parte da nova terra e de uma humanidade já glorificada. Como poderão os santos em corpos glorificados ter comunhão com pecadores na carne? Como poderão os santos glorificados viver nesta atmosfera sobrecarregada de pecado e em cenário de morte e decadência?”.

4. Se Cristo vem em glória para reinar sobre a terra, então como as pessoas ainda poderiam persistir no pecado? Uma vez que Jesus esteja realmente presente em Seu corpo ressurreto e reinando como rei sobre a terra, não parece altamente improvável que pessoas ainda O rejeitem e que o mal e a rebelião ainda cresçam na terra até o ponto de finalmente Satanás reunir as nações para a batalha contra Cristo?

5. Em conclusão, os amilenistas dizem que a Escritura parece indicar que todos os eventos mais importantes que ainda estão por acontecer antes do estado eterno ocorrerão de uma só vez. Cristo vai retornar, haverá uma só ressurreição de crentes e descrentes, o juízo final acontecerá, e o novo céu e a nova terra serão estabelecidos. Então, entraremos imediatamente para o estado eterno, sem qualquer milênio futuro.



Para saber mais:
www.a-milenismo.blogspot.com
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

DEUS NÃO SONHA, ELE DECRETA!


Há um cântico, por sinal muito bonito, que numa certa altura diz:
Eu não morrerei, enquanto o Senhor não cumprir em mim, todos os sonhos que Ele mesmo sonhou prá mim


Não pretendo fazer uma crítica dessa música especificamente, mas refletir sobre a afirmação de que Deus sonha. Pois acredito que temos que ser cuidadosos com o que afirmamos a respeito da divindade. Não devemos ficar aquém nem ir além do que Deus mesmo diz sobre Si mesmo.

Num sentido denotativo, sonho é a "representação em nossa mente de alguma coisa ou fato, enquanto dormimos". E a Bíblia diz que Deus não dorme (Sl 121:4), logo, neste sentido Deus não sonha. Mas a linguagem dos cânticos é conotativa, então sonhar tem significados como "ilusão, utopia, fantasia", "idealizar coisas irrealizáveis" e "alimentar a imaginação". Definitivamente, Deus não fica aspirando, imaginando ou fantasiando coisas a nosso respeito. Salvo uma rasteira de minha memória, em lugar algum a Bíblia diz que Deus sonha sobre nós ou que seja.

Por outro lado, a Bíblia afirma que Deus decreta. Davi disse "falarei do decreto do Senhor" (Sl 2:7) e Paulo também fez referência ao "decreto de Deus" (Rm 1:32). Um decreto é uma lei irrevogável, editada sem discussão dos interessados. Esta é a ideia transmitida por Isaías, quando escreve "este é o conselho que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Pois o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?" (Is 14:26).

Por que as pessoas tem facilidade em aceitar uma ideia extrabíblica sobre Deus e relutam tanto em aceitar as declarações que a Bíblia faz sobre o Soberano de toda a terra?


Fonte: CincoSolas

Será o Senhor Jesus uma cópia de Hórus?


Não será a História Bíblica acerca do Senhor Jesus uma cópia de mitologia egípcia, nomeadamente, a história de Horus?

Dificilmente. O livro de Acharya S. “The Christ Conspiracy” é a aparente fonte da lista em baixo descrita, mas a autora apenas oferece evidências referenciais para cinco das suas alegações. Alguns dos apontamentos de rodapé contradizem com as suas próprias alegações! Mas isto é o que seria de esperar; quando alguém rejeita a visão Bíblica do mundo ela fica com um mundo irracional.

Eis aqui algumas das alegações acerca dos “paralelos” entre o Senhor Jesus e Horus e outros deuses.

1) Hórus nasceu de uma virgem com o nome de Isis-Meri a 25 de Dezembro, numa cave/manjedoura, e o seu nascimento foi anunciado por uma estrela no Oriente, vista por 3 sábios.

Primeiro, a mãe de Hórus não era virgem. Ela era casada com Osíris e não há razão para se supor que ela se absteve depois de casada. De acordo com a sua historia, Hórus foi miraculosamente concebido. Seth tinha morto e desmembrado Osíris, mas Isis voltou a reconstruir o corpo dele, e seguidamente teve relações com ele. Em algumas versões, ela usou um órgão sexual masculino feito à mão porque não conseguiu encontrar essa parte do corpo do marido. Portanto, embora tenha sido uma concepção milagrosa, não foi uma concepção análoga à Incarnação do Senhor Jesus.

Segundo, foram assinaladas 3 datas de nascimento na mitologia de Horus, sendo que uma delas é a 25 de Dezembro. Como a Bíblia não diz que o Senhor nasceu a 25 de Dezembro, não há nenhum paralelo.

Terceiro, “Meri” (“Mr-ee”) é a palavra egípcia para “amada” e aparentemente foi aplicada a Isis antes do tempo do Senhor Jesus como um título e não como parte do seu nome. Mas como provavelmente havia milhares de mulheres entre o tempo de Hórus e altura do Senhor com um nome ou título que era uma variação de “Mary”, não há razão alguma para se supor que a Mãe do Senhor Jesus foi nomeada segundo o nome de Isis em particular. Mesmo que, hipoteticamente, os autores dos Evangelho tivessem fabricado a Mãe do Senhor e a tivessem dado o nome de “Mary” (Maria), é muito mais provável que eles se baseassem numa “Mary” mais perto do seu tempo do que na “Isis-Meri”.

Quarto, Hórus nasceu num pântano e não numa caverna/manjedoura.

Quinto, o nascimento de Hórus não foi anunciado por nenhuma estrela no Oriente.

Sexto, não havia “três sábios” aquando do nascimento de Horus, e nem aquando do nascimento do Senhor Jesus. A Bíblia não diz o número de sábios, e nem diz que eles estavam presentes na altura do Seu Nascimento. Além disso, eles só viram o Senhor quando Ele estava na Sua casa e não na manjedoura (e isto quando Ele já tinha cerca de 2 anos).

2) O seu pai terrestre era chamado de “Seb” (“Joseph” – “José”).

Não há nenhum paralelo entre o nome Egípcio “Seb” e o Hebraico “Joseph” para além do facto de serem nomes comuns. Para além disso, Seb era o pai de Osíris e não de Hórus.

3) Ele era de descendência real.

Isto é verdade, mas não é uma comparação com o Senhor Jesus. Quando os cristãos dizem que o Senhor é de descendência real, eles tem em mente o fato de Ele ser da linhagem do Rei David, um rei terreno (Apocalipse 22:16). De acordo com o mito, Hórus descendia de realeza celestial uma vez que era o filho do deus principal.

4) Quando tinha 12 anos, Horus foi um professor-criança no Templo, e aos 30 anos ele foi baptizado, havendo desaparecido durante cerca de 18 anos.

Ele nunca ensinou em templo algum, e nunca foi batizado. Além disso, o Senhor não “desapareceu” durante anos (dos 12 aos 30). Ele trabalhou durante esse tempo como Carpinteiro.

5) Hórus foi batizado no rio Eridanus ou Iarutana (Jordão) por “Anup o Batizador” (“João o Batista”), que foi mais tarde decapitado.

Mais uma vez, Hórus nunca foi batizado. Não existe um “Anup o Batizador” na história.

6) Ele teve 12 discípulos, dois dos quais eram suas “testemunhas” e eram chamados de “Anup” e “Aan” (os dois “João”).

Hórus teve 4 discípulos (chamados de ‘Heru-Shemsu’). Há outra referência para 16 seguidores e um grupo de seguidores chamados de ‘mesnui’ (ferreiros) que se juntaram a Hórus em batalha, mas eles nunca são numerados. Não há nenhuma referência aos 12 discípulos ou referência a algum deles ser chamado de “Anup” ou “Aan”.

7) Hórus executou milagres, exorcizou demônios e ressuscitou El-Azarus (“El-Osiris”) dos mortos.

A história dele conta, de fato, que ele executou milagres, mas nunca chegou a exorcizar demônios nem a ressuscitar o seu pai dos mortos. Além disso, Osíris nunca referenciado como ‘El-Azarus’ ou ‘El-Osiris’ (claramente uma tentativa de fazer o seu nome assemelhar-se ao Lázaro da Bíblia).

8. Hórus andou sobre a água.

Não, ele não andou.

9) O seu título especial era “Iusa” o “sempre-tornante filho” de “Ptah”, o “pai.” Ele era como tal chamado de “Criança Sagrada.”

Hórus nunca foi chamado de “Iusa” (nem há alguém na história Egípcia que alguma vez tenha sido chamado “Iusa” – essa palavra não existe) nem “Criança Sagrada”.

10) Ele fez um “Sermão na Montanha” e os seus seguidores recontaram os “Ditados de Iusa.

Hórus nunca fez um tal sermão, e, como dito em cima, ele nunca foi referido como “Iusa”.

11) Hórus transfigurou-se na montanha.

Não, ele não se transfigurou na montanha ou em lugar algum.

12) Hórus foi crucificado entre dois ladrões, enterrado durante 3 dias, e mais tarde ressuscitou.

Hórus nunca foi crucificado. Há uma história não oficial na qual ele morre e é atirado em pedaços para a água, sendo que mais tarde ele é pescado por um crocodilo a pedido de Isis. Esta história não oficial é a única em que ele morre.

13) Ele era também o “Caminho, a Verdade, a Luz”, “Messias”, “O Filho Ungido de Deus”, o “Filho do Homem”, o “Bom Pastor”, o “Cordeiro de Deus”, a “Palavra feita Carne”, a “Palavra da Verdade”, etc.

Os únicos títulos que foram atribuídos a Hórus foram “Grande Deus”, “Comandante dos Poderes”, e “Vingador do Seu Pai”. Nenhum dos títulos listados em cima aparece na mitologia Egípcia.

14) Ele era o “Pescador” e estava associado com o Peixe (“Ichthys”), Cordeiro e Leão.

Ele nunca foi referido como “o pescador” e não há nenhum cordeiro ou leão na história. As notas de rodapé de Acharya S. acerca desta alegação mostram uma associação com o peixe (isto é, que Hórus ERA UM PEIXE, ao contrário do Senhor Jesus), sem evidência alguma de ele alguma vez ser chamado de o “pescador” ou tendo alguma associação com o cordeiro ou o leão.

15) Ele veio para completar a Lei.

Não havia “lei” alguma que ele fosse suposto “completar”.

16) Hórus foi chamado de “o KRST” ou o “Ungido”.

Ele nunca foi chamado por nenhum desses títulos. “Krst” em Egípcio significa “enterro”. Não era um título.

17) Tal como Jesus, “Era suposto Hórus reinar durante mil anos”.

Não há menção disto na mitologia Egípcia.


Links:


Sinceramente, é difícil não ler algumas das alegações dos cépticos sem soltar uma gargalhada. Algumas das acusações são tão obviamente fabricadas que é difícil acreditar que alguém as possa inventar e muito menos levá-las a sério. Mas para quem acredita que répteis evoluíram para pássaros, acreditar que o Senhor Jesus Cristo é “uma Cópia de mitos pagãos” não é algo fora do normal.

Tal como dito em cima, quando alguém abandona a visão Bíblica do mundo fica com um mundo irracional.



Fonte: https://darwinismo.wordpress.com

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