Explorando alguns textos do Livro de Jó, é nítido que a Eleição predomina sobre a falácia do livre-arbítrio:
PRIMEIRO TEXTO - “Disse então o Senhor a Satanás: Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. Jó 1:8
Deus começa falando de Jó e o adjetiva como Seu servo. Aqui Deus faz questão de dizer que Jó é dEle. Não foi ninguém que escolheu Jó para Deus, e sim o próprio Deus. Aspectos da soberania divina são vistos em todo o livro e principalmente quando Deus interroga Jó perguntando onde ele estava quando Ele lançou os fundamentos da terra e do mundo (Jó 38). Outros textos da Sagrada Escritura corroboram com esta ideia (veja Jo 5:19 e 1º Jo 4:19). Deus ainda diz que não há ninguém como Jó em toda a terra. Evidentemente que Deus fala de Jó, mas o diferencia sobre toda a terra. É assim que os eleitos aos céus devem ser notados – distintos – e não se assemelham com os néscios e os ignóbeis – destinados ao inferno. É preciso que se entenda que há dois grupos de eleitos, um ao céu e outro ao inferno. Cada grupo evidencia as características de seus senhores. No texto, ainda é possível ver que os eleitos ao céu possuem algumas características marcantes – integridade, retidão, temor a Deus e se desviam do mal – Estas são as características de um verdadeiro eleito ao céu.
SEGUNDO TEXTO - “Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.” Jó 1:10-11
A alegria do eleito não está nos seus bens materiais e nem nas bênçãos, e sim, na certeza e na convicção de sua salvação. Satanás se engana, pois pensa que a ausência de bens materiais é motivo para abdicar da fé. Por sinal, não há nada que faça o eleito abdicar de sua fé (Rm 8:37-39). Aqui é possível enxergar que Satanás traz o conceito do livre arbítrio para dentro de sua lógica, pois ele diz a Deus que se Jó perder seus bens ele se arrependerá de ser fiel e escolherá blasfemar. O eleito aos céus não comete blasfêmia, não se arrepende de ser fiel, o eleito ao inferno faz isso numa constante.
TERCEIRO TEXTO - “E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.” Jó 1:12. / “E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida.” Jó 2:6
Os textos selecionados mostram que há limites na ação satânica, ou seja, isso mostra que nossas histórias foram confeccionadas sob medida e que as vicissitudes que por ventura venhamos passar na vida já estão sob os cuidados divinos, e Este, aprouve em seus decretos. Não há nada mais confortável que isso – ter a plena convicção que Deus já planejou e moldou nossas vidas e tudo que vamos enfrentar no plano terreno. Com isso, nota-se que nossas histórias têm um autor cuidadoso e justo.
QUARTO TEXTO - “E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor.” Jó 1:21
Estas palavras foram proferidas por Jó quando começou a ser assolado por todas as setas inflamadas propostas pelo diabo, mas sob a autorização divina. Nesta passagem é notório que o eleito não se atormenta com as perdas e prejuízos, pois Deus é quem dá e Deus é quem tira. Jó usa a nudez – sua situação atual por conta das chagas –chegando a mencionar seu nascimento e sua vinda do ventre da mãe de forma despida, e é assim que voltará ao pó da terra. Aqui Jó demonstra outra característica do eleito – simplicidade e não apego as coisas materiais.
QUINTO TEXTO - “Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.” Jó 2:9
Em resposta a sua esposa, Jó considera como sendo louca e diz que ela aceitou o bem de Deus, mas não aceita o mal Jó 2:10. Aqui repousa outra característica da ideia do livre arbítrio. A mulher de Jó, ao analisar a situação, acredita que não há mais motivos para Jó se manter íntegro em relação a Deus. Ela acredita que só deve haver integridade se houver riquezas e bênçãos – motivações – como não há, Jó deve escolher blasfemar contra Deus. A mulher de Jó não compreende que não é uma questão de escolhas e sim de decretos divinos – o eleito ao céu entende que não tem escolhas quanto aos decretos divinos e somente deve aceita-los. Aqui Jó demonstra uma lição eterna de que a fidelidade não deve ser só em tempos de fartura e de riquezas, mas em todas as circunstâncias. Paulo nos ensina algo parecido em Fp 4:13. O eleito ao céu não se deixa levar pela correnteza da maré herética, não se ilude com as influências nem com as propostas fajutas e ilusórias dos adeptos da ideia do livre arbítrio ou de quaisquer outros ventos de doutrinas. Os amigos de Jó também são adeptos dessa corrente – a ideia do livre arbítrio ¬– um deles avalia que o que Jó está passando não passa de um pecado cometido possivelmente em oculto Jó 11:14. Estas pessoas que se aproximavam de Jó com diagnósticos falsos e sem conhecimento desapertaram a ira de Deus Jó 38:1-2.
Será que na atualidade Deus também não se ira com falsos profetas que querem resolver os problemas dos outros de forma simples e com palavras sem conhecimento? Qualquer semelhança com o pano de fundo evangelical das igrejas no Brasil não é mera coincidência!
O fato é que o eleito ao céu não precisa cometer algo para sofrer, basta apenas Deus ter decretado isso. Este eleito não escolhe a Deus, Deus é quem o escolhe. O eleito ao céu não rejeita Deus sob hipótese alguma, mesmo que esteja mergulhado em um transe agudo. Não se ilude com doutrinas frouxas, além disso, é integro, anda em retidão, é temente a Deus e se afasta do mal. Enfim, evidenciam as características de seu Senhor. O eleito ao céu não perverte a graça divina como fizeram os Nicolaítas, mas se apresenta apenas como um mero mordomo de Deus no plano terreno. O outro grupo de eleitos – eleitos ao inferno – faz justamente o oposto. Há de fato uma grande confusão com a palavra livre arbítrio e é preciso que se entenda o real sentido da mesma.
Teologicamente falando, livre arbítrio é quem tem a capacidade e o poder de cometer e de não cometer pecados. Logo, como todos são pecadores e ninguém pode não pecar (Rm 3:23), logo, ninguém detém o livre arbítrio. Por sinal, esta foi a reportagem capa da revista Galileu de Abril de 2013 nº 261 que trazia o seguinte tema: “Você não decide - Cientistas dizem que livre arbítrio não existe. Uma parte de seu cérebro fora de seu controle é quem escolhe por você”. Esta parte do cérebro pende para o mal – bem como um carro desalinhado – e é esta parte quem decide por todos. Portanto, não só teologicamente, mas também cientificamente, não existe a possibilidade da existência do tão famoso e conhecido livre arbítrio.
Muitos confundem o poder de tomar decisões e a livre agência que cada ser humano possui com o livre arbítrio, todavia, não são a mesma coisa. É por isso que neste pequeno insight, considera-se que este tão falado livre arbítrio não passa de uma mosca branca! Ou seja, ninguém vê, só se ouve falar!
_____________________________
Por Thiago Azevedo
Fonte: Bereianos
Nenhum comentário:
Postar um comentário