quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Falarão novas línguas!

"E estes sinais seguirão aos que crerem... falarão novas línguas" Marcos 16:17

O dom de línguas é, seguramente, o mais polêmico dos chamados dons do Espírito Santo. Pentecostais tendem a exagerar sua importância, colocando-o como evidência necessária do batismo no Espírito Santo. Além disso, é comum que na prática as orientações sobre o seu exercício de forma ordeira sejam negligenciadas. Por outro lado, os cessacionistas negam sua atualidade, relegando-o ao tempo apostólico e considerando-o simplesmente como capacidade de falar em outro idioma terreno.

Então, qual a natureza do dom de falar em línguas? Seria ele meramente a capacidade de falar um idioma terreno, como o grego nos dias apostólicos ou o inglês nos dias de hoje? Creio que o texto acima fornece algum indício que ajuda a elucidar a questão.

O texto não diz simplesmente falarão em línguas, mas falarão em novas línguas. Embora se possa dizer que as línguas são novas em relação a quem fala, isso parece pouco provável. Seria mais lógico que se dissesse que falariam línguas que não aprenderam. Novas línguas parece indicar línguas desconhecidas.

Reforça essa hipótese o texto original. Na expressão "falarão novas línguas" o grego trás γλωσσαις λαλησουσιν καιναις, onde novas é tradução de kainos. O grego usa principalmente duas palavras para novo. Uma delas é νεος, neos, usada para expressar novo no aspecto de tempo, indicando aquilo que é recente, mas da mesma natureza do antigo.

Já kainos também indica aquilo que é novo, não porém em referência ao tempo, mas a algo que é de um tipo diferente. O léxico grego-inglês (Louw and Nida) diz que kainos refere-se a algo "não conhecido previamente, inédito, novo". Thayer diz que kainos indica "um tipo novo, sem precedentes, inédito". O Theological Dictionary of the New Testament, diz que kainos denota "o que é novo na natureza, diferente do habitual, impressionante, melhor do que o velho, superior em valor ou atração".

Percebemos melhor essa distinção entre neos e kainos em algumas passagens do Novo Testamento. Em Mateus 9:17, onde aparece ambos os termos, este tem o sentido de "ainda não utilizado", em Atos 17:21 o sentido é de "incomum" e em Mateus 13:52; Ef 2:15; 2Jo 2:5 e Hb 8:13 "novo tipo" é o sentido dado.

Assim como um novo céu e uma nova terra em Ap 21:1 e 2Pe 3:13, a nova Jerusalém em Ap 3:12 e 21:2, a canção nova em Ap 5:9 e a nova criação em Ap 21:15 referem-se a algo de uma outra e melhor natureza, novas línguas em Mc 16:17 também não são os já existentes idiomas. O fato de que o antigo e o novo não poderem ser misturados (Mc 2:21-22) acentua o elemento distintivo entre o comum e o novo.

Portanto, as novas línguas não são a mesma coisa que idiomas terrenos que todos os que cressem iriam passar a falar, mas sim línguas novas no sentido que são distintas e mais elevadas em natureza.

Um comentário:

  1. Paulo cita a necessidade de interprete lá em coríntios e por que que lá em atos não precisou de interprete?

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